A oferta de boi gordo no Brasil deverá cair em 2015 em relação a este ano, resultado da menor participação de fêmeas no abate, afirmou nesta terça-feira (9/12) o gerente de inteligência de mercado da Minerva Foods, Leonardo Alencar. Segundo ele, com o aumento da margem na cria já é possível observar no país uma maior retenção de matrizes. "O Brasil deve ter uma queda da participação das fêmeas no abate nos próximos anos. Em 2015, a oferta de gado deve ser menor", disse, durante reunião pública com analistas e investidores.
Apesar da expectativa de um volume de abate menor, Alencar acredita que a produção brasileira de carne bovina deve crescer no próximo ano, por conta do aumento da produtividade. "A oferta deve ser menor, mas compensada por animais mais pesados", explicou.
Com a queda da produção em países como Estados Unidos e Austrália, a Minerva considera ainda que o atual cenário é positivo para investimentos do setor agropecuário no Brasil. "O cenário para os próximos anos é favorável para investimentos no setor. 2014 foi um ano de melhora nas margens da cria e da engorda. A tendência é que, diante um cenário de queda dos preços dos grãos, os investimentos na agropecuária no País aumentem em detrimento de outras culturas", avaliou Alencar.
Rússia
De acordo com o diretor presidente do grupo, Fernando Galletti de Queiroz, a desvalorização do rublo e uma possível recessão da economia da Rússia devem fazer com que o país reduza o valor de suas importações,
"Quando você tem uma crise, a tendência é deixar de consumir produtos mais caros para consumir produtos mais baratos. Você não diminui volume do consumo de alimentos, mas sim o preço", afirmou ele durante reunião pública com analistas e investidores em São Paulo. De acordo com Queiroz, já é possível observar uma migração das importações da Rússia de cortes bovinos mais nobres para outras opções mais baratas e a estimativa é de que o país possa reduzir em até 20% as suas importações. O mercado russo é o principal destino das exportações da companhia.
Apesar da expectativa de redução, o executivo considerou que a situação no país "não é um preocupação, mas sim uma questão de ajuste". Segundo ele, com a crescente demanda internacional por carne bovina, o Brasil pode adequar suas exportações para outros mercados, como China e Oriente Médio. "Eu acho que a Rússia vai ser um mercado menor, mas ele vai continuar sendo um dos cinco principais mercados brasileiros", completou.