Publicado em 10/12/2014 08h38

Soja faz Sorriso dobrar de tamanho a cada dez anos

Capital Nacional da oleaginosa busca crescimento industrial e registra problemas de cidade grande, como a diferença de classes
Por: AgroGP

colheita

Há trinta e cinco anos, quando Argino Bedin chegou ao Médio Norte de Mato Grosso, o que encontrou foi uma vila de umas cem famílias. Ele saiu de Renascença, Sudoeste do Paraná, na época uma senhora cidade já com três décadas de história.

Não faltou quem dissesse que Bedin estava louco. O que alguém podia esperar de Mato Grosso, uma região de madeira e cerrado, onde a melhor opção era plantar arroz.

Ele próprio foi testado. O arroz não se firmava e as terras, cada vez mais fracas, ameaçavam resumir um sonho em aventura, relata. O primeiro lampejo do futuro só veio depois de três safras, em 1982,quando chegaram à região duas variedades de soja .

“Deu 45 sacas por hectare, e todo mundo começou a plantar”. Quatro anos mais tarde, o aglomerado ganharia o status de município. Agora com 28 anos, Sorriso é 11 vezes maior que Renascença em população, e “dobra de tamanho a cada dez anos”, afirma o prefeito Dilceu Rossato.

A prefeitura ainda funciona como um centro de soluções de problemas de toda ordem. No gabinete de Rossato, entra uma pessoa a cada cinco minutos.

Em volta da cidade, condomínios de luxo se expandem e avançam sobre as lavouras. Uma casa de padrão invejável custa R$ 3 milhões. Um lote para uma residência modesta, R$ 140 mil.

São imóveis para produtores rurais ou gestores de multinacionais, concentrados no lado Oeste da BR-163, a rodovia da soja. O que amplia mesmo a população da cidade – que estaria batendo em 90 mil – são os trabalhadores de base. Na Sorriso que cresce ao Leste da BR, o padrão é mais simples, das moradias às mercadorias.

Bedin não tem mais as terras de 35 anos atrás. Tomou decisões acertadas no negócio e na lavoura. Hoje tem três fazendas e planta 15,5 mil hectares de soja, com média de 60 sacas por ha – 10 acima da média nacional.

Como Sorriso, está ampliando sua estrutura para fortalecer os negócios. Investe R$ 8 milhões num armazém para estocar 1 milhão de sacas de milho. É alívio na hora de negociar a safra. Com mais tempo, pode elevar a renda do cereal em 35%, afirma, considerando a alta dos preços locais nos últimos três meses.

A estruturação da produção permite a Bedin comprar adubo com um ano de antecedência, a preços vantajosos. E o futuro – com BR-163 duplicada e a possibilidade de escoar a produção também pelos novos portos do Arco Norte – deve continuar recompensando a coragem de sobra na década de 1970.

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