Publicado em 08/12/2014 09h28

RS: Safra de uva deve ter produtividade elevada

Serra gaúcha pode colher até 22 toneladas por hectare, se o clima favorável persistir durante as próximas semanas
Por: Jornal do Comércio

uva

A safra de uva no Rio Grande do Sul pode chegar aos 836 milhões de quilos. Se o clima favorável das últimas semanas persistir, a Emater projeta uma produtividade de até 22 toneladas por hectare, acima da média histórica de 18 toneladas, nos 38 mil hectares plantados na Serra Gaúcha. O míldio, uma doença fúngica, chegou a assustar depois de dois meses com precipitações acima da média, mas foi controlada satisfatoriamente e não irá atrapalhar a produção. Inclusive, algumas variedades precoces, como a Vênus, estão sendo colhidas e as amostras apresentam boa qualidade, com cor adequada e sabor considerado excelente.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho, Maria Emília Borges Alves, a safra vitícola 2014/15 vem se desenvolvendo sob condições climáticas “ligeiramente fora das normais”. No inverno, o número de horas de frio foi inferior ao desejado para o período e antecipou a brotação em alguns casos. Enquanto isso, em setembro e outubro, houve chuvas excessivas. Tais condições favoreceram a incidência de fungos, como o míldio. Entretanto, a doença, que vinha se mostrando persistente, foi controlada, e as bagas infectadas estão em fase final de queda.

Nas últimas semanas, segundo o engenheiro agrônomo da Emater de Caxias do Sul, Ênio Todeschini, o clima fresco, mas com tardes bastante ensolaradas, colaborou para a manutenção da qualidade da uva. Dessa forma, o quadro atual apresenta parreirais com carga de frutos acima da média, o que indica uma safra com altas produtividades. As variedades superprecoces, como a Vênus, já estão sendo colhidas. “Até agora, observamos um volume de produção acima da média, com cachos grandes e em bastante número”, destaca Todeschini.

O prognóstico para o fim da primavera e início do verão indica precipitações pouco elevadas para dezembro em todo o Estado. Em janeiro, a previsão é de chuvas dentro do normal, enquanto fevereiro deve ter umidade acima do padrão apenas na Metade Sul. “Este prognóstico de normalidade com relação aos volumes de chuva nos dois primeiros meses do ano é um indício favorável a maturação dos frutos”, destaca Maria Emília. As temperaturas mínimas, por outro lado, podem ser mais altas que o normal, provocando redução na amplitudes térmicas e, consequentemente, mudança na coloração das bagas.
Indústrias vitivinícolas consideram ‘exagerado’ novo preço mínimo de R$ 0,70 pelo quilo

O preço mínimo da uva foi reajustado em 11% nesta semana pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), passando de R$ 0,63 para R$ 0,70. De acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o custo variável de produção da uva industrial, no município de Flores da Cunha, foi calculado em R$ 0,765 por quilo, uma variação de 5,96% em relação à safra anterior. O aumento foi impulsionado, principalmente, pelos defensivos (10,2%), fertilizantes (8,7%) e operações com máquinas (8,3%). Os estoques para os três principais derivados na indústria – suco, vinho e espumante – estão reduzidos, segundo a Emater. “Por isso, algumas vinícolas estão começando a processar uvas de mesa e reforçando reservas de sucos até a entrada dos produtos derivados dos cultivos tradicionais”, afirma o engenheiro agrônomo da Emater de Caxias do Sul, Ênio Todeschini.

Entretanto, nas negociações coordenadas pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a indústria ofereceu a correção da inflação, que elevaria o valor por quilo para R$ 0,67. Para o presidente do Sindicato da Indústria do Vinho e Derivados (Sindivinho-RS), Gilberto Pedrucci, o novo valor fixado pelo governo federal é “um pouco exagerado”, pois a indústria não tem conseguido repassar os aumentos aos consumidores. “Deveríamos repensar esse valor de R$ 0,70, mas não tem volta. O mercado está muito favorável aos vinhos importados e, por isso, mesmo com o crescimento das vendas de suco de uva e dos espumantes, podemos ter dificuldades”, projeta. Em relação à safra, a indústria também espera uma alta produtividade: “As informações, até o momento, indicam um grande volume, certamente superando o último ano”, completa Pedrucci.

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