Resíduos agrícolas podem virar autopeças e telas de TV. Os resquícios de algodão podem ser transformados em nanocristais de celulose para fabricação de telas de celulares e de televisão. Os do sisal têm espaço na indústria de peças automotivas, em substituição ao plástico, ou na construção civil, para reforçar o concreto.
Do coco, pode-se fabricar o painel lignocelulósico, um compensado ecológico para fabricação de móveis, divisórias e painéis de isolamento acústico. Tudo isso a partir do que não é aproveitado pelas cadeias produtivas. Para falar sobre este assunto, o programa Nossa Terra entrevistou o pesquisador da Embrapa Algodão da Paraíba, João Paulo Saraiva, que falou aos ouvintes da Rádio Nacional da Amazônia sobre a novidade.
João Paulo explicou que o algodão é plantado, basicamente, para se extrair a fibra, que é utilizada na indústria têxtil. Logo, sobram o caroço, que é prensado para se retirar o óleo, este usado na fabricação de margarinas, óleo comestível e, mais recentemente, para a produção de biodiesel. A crosta também pode ser utilizada para produzir ração animal. Segundo ele, existem dezenas de fibras no algodão presas ao caroço, chamadas de mintras, que são descartadas pela indústria têxtil devido ao seu pequeno tamanho. Porém, estas fibras são fontes ricas em celulose, compostas por cerca de 80% da substância.
O pesquisador da Embrapa contou que a celulose pode ser transformada em nanocristais que, por sua vez, possuem uma resistência mecânica muito semelhante à do aço. Logo, eles são utilizados para reforçar materiais mecânicos e outros produtos industrializados.