A falta de chuvas, principalmente em outubro até o início de novembro, atrasou o plantio e o desenvolvimento das principais culturas. Com as chuvas, a previsão é de recuperação da normalidade nas lavouras nos próximos dias.
A cultura mais afetada com a seca até o momento é o feijão, porque é plantado mais cedo. Para as demais a influência do clima poderá ser a de redução da produtividade. Mesmo assim, conforme o relatório do Deral, o potencial de produção ainda indica uma safra de verão superior a do ano passado. A previsão é de 22,17 milhões de toneladas de grãos, volume 8% acima do ano passado, quando foram colhidos 20,57 milhões de toneladas.
SOJA – A soja deverá ocupar área recorde de plantio, com aumento de 3% em relação ao ano anterior -passado de 4,9 milhões de hectares para 5,06 milhões de hectares. Segundo o Deral, a estimativa aponta para uma produção recorde de 17,11 milhões de toneladas, um aumento de 17% em relação à safra anterior.
De acordo com o economista Marcelo Garrido, chefe da conjuntura agropecuária do Deral, o plantio de soja ficou atrasado em outubro por causa do período seco mais longo, mas depois voltou a recuperar com o retorno das chuvas em novembro. Apesar da evolução, ainda não está dentro da normalidade, situação que se espera alcançar nesse mês de dezembro.
MILHO – O plantio do milho também foi afetado pela baixa umidade. A engenheira agrônoma Juliana Tieme Yagushi explica que o produtor enfrentou problemas como a elevação na incidência de pragas e no prejuízo ao desenvolvimento das plantas.
As últimas chuvas melhoraram a situação das lavouras, embora exista um indicativo de redução na produtividade em algumas regiões. “O clima daqui para frente será determinante para avaliação do potencial produtivo da cultura”, disse a técnica.
Segundo o Deral, repete-se a estimativa prevista para o milho, que é o de ocupar a menor área plantada no estado durante a primeira safra de grãos. A área da primeira safra passa de 665.085 hectares para 535.193 hectares - queda de 20% na área plantada. Já a estimativa de produção aponta para uma redução de 16% em relação ao ano passado, devendo ser colhidas 4,55 milhões de toneladas, contra 5,44 milhões de toneladas colhidas no ano passado.
INVERNO - Ao contrário das culturas de verão, a safra de trigo de 2014 foi prejudicada pelas chuvas ocorridas no final de setembro. Segundo o diretor do Deral, em exercício, Carlos Hugo Godinho, o bom desempenho das lavouras prenunciava uma colheita recorde de 4,1 milhões de toneladas, mas essa estimativa foi afetada pelas chuvas.
Com isso, o potencial de produção foi reavaliado para uma colheita de 3,78 milhões de toneladas, uma quebra de 6% em relação ao potencial inicial mas ainda uma produção recorde para o Estado.
A mesma situação se repetiu com as lavouras de cevada, plantadas na região Centro-Sul do Estado. O economista Methodio Groxko, do Deral, explica que o excesso de chuvas derrubou a produtividade esperada da cevada em 13% em relação ao que foi colhido no ano passado. A produtividade inicial esperada apontava para 4.100 quilos por hectare e agora foi reavaliada para 3.600 quilos por hectare.
PREJUÍZOS - Das culturas de verão, apenas a cultura de feijão tem redução de produção consolidada em relação ao que vinha sendo esperado. O Deral estima uma redução de 5% no potencial de produção em relação ao que vinha sendo estimado inicialmente.
O feijão da primeira safra, cujo plantio iniciou em meados de agosto, ocupou apenas 80% da área plantada no ano passado – passando de 283 mil hectares para 193,7 mil – queda de 20%.
Segundo o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador a cultura também vem sendo afetada pelo período mais seco, que influenciou a perda efetiva nas lavouras plantadas mais cedo. Com a regularização das chuvas a tendência é de melhora na produtividade das lavouras plantadas posteriormente.
Cerca de 4% da área plantada de feijão no Estado já foi colhido. A expectativa é que até o final da safra sejam colhidas 343.185 toneladas, volume 14% menor em relação a igual período do ano passado quando foram colhidas 399.693 toneladas.
COMERCIALIZAÇÃO - Com exceção do milho, todos os demais grãos estão com cotações abaixo das praticadas no ano passado. Conforme o relatório do Deral, a comercialização de grãos está em compasso de espera. Os produtores estão relativamente capitalizados e sem pressa para vender a produção, embora haja demanda.
Para se ter ideia, a safra de soja do Paraná está apenas com 9 % do volume a ser colhido vendido, enquanto a média dos últimos anos para essa época é de 26%. O milho está com apenas 1% do volume vendido, enquanto a média para esse período é de 8%. Além disso, 45% da segunda safra de milho 2013/14 ainda está estocada.