Publicado em 09/03/2017 15h56

Ministro Maggi visita Expodireto e diz que está de olho no México

No Rio Grande do Sul, ele declarou que o Brasil precisa elevar o comércio internacional de alimentos para 10%
Por: Viviane Taguchi, de Não-Me-Toque (RS)*

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, visitou a 18ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS) na manhã desta quinta-feira (9/3) acompanhado de 33 embaixadores e 7 diplomatas que estão visitando o Brasil para conhecer o agronegócio. Blairo e os convidados chegaram no parque de exposições no final da manhã e encerraram a visita algumas horas depois. Segundo o ministro, "eles precisavam ver de perto como o mercado agrícola brasileiro é dinâmico e está otimista".

Blairo Maggi disse que uma das questões primordiais do país é intensificar o comércio internacional de alimentos, hoje em torno de 6.9%, para 10% . "O mercado nacional é muito dinâmico, tem que ser bem aproveitado e intensificar os negócios internacionais", afirmou. "Neste ano, a China nos ultrapassará chegando a 7,2% e por que eles conseguiram isso? Porque eles importam muitos alimentos, agregam valor e exportam com valor agregado. É disso que o Brasil precisa".

O ministro disse que todos os membros da comitiva que visitaram a Expodireto Cotrijal podem ser potenciais clientes do Brasil, mas ainda nenhum negócio foi oficializado. O que ele confirmou foi que o México surge agora um grande potencial comercial, apesar de ser um país fechado. "Eles compravam US$ 30 bilhões por ano em alimentos dos Estados Unidos e agora, com o rompimento da política com os norte-americanos, eles começaram a olhar para o Brasil", disse o ministro.

Maggi contou que uma comitiva técnica do governo mexicano já visitou o Brasil, e ele já se reuniu duas vezes com o ministro da agricultura daquele país. O próximo encontro acontece daqui a 10 dias. "Eles vêm na semana que vem especificamente para ver a soja e o mercado de carnes".

Plano Safra

Em entrevista coletiva, o ministro ressaltou o potencial da feira, que serve de 'termômetro' para o mercado e ainda contou que está trabalhando intensamente para definir as regras, juros e valores do Plano Safra 2017/2018, que deve ser anunciado até o mês de junho. "Estamos conversando com o ministério do planejamento, ministério da fazenda e o Banco Central para que tenhamos recursos maiores que no ano passado e condições mais favoráveis aos agricultores", disse Maggi.

De acordo com Maggi, os R$ 182 bilhões disponíveis no ano passado foram suficientes para custear a safra nacional e houve a possibilidade de realocar recursos para alguns programas, como o Moderfrota e o armazenamento. "Estamos sempre olhando para o orçamento geral que temos e, se for necessário podemos transferir para outras áreas", afirmou.

BR-163

Questionado sobre os problemas logísticos que estão ocorrendo na safra atual, sobretudo na região norte de Mato Grosso e Pará, Blairo Maggi disse que, o que aconteceu é que empresas "fracas", com "contratos mal feitos", assumram as obras da BR-163 e em muitos trechos, não conseguiram cumprir o contrato, acabando por desistir do processo. "A BR-163 era para ter sido entregue, pronta, em 2013. Não faltou dinheiro, faltou competência dessas empresas", disse Maggi.

Ele disse que, devido aos processos licitatórios e a burocracia excessiva, para substituir essas empresas, leva-se em média, dois a três anos. "Na verdade, é um inferno na vida da gente. Quando problemas assim acontecem, como sempre, é o produtor rural que paga o pato".

Terras

O ministro Blairo Maggi disse que ainda não começou a discutir sobre a venda de terras nacionais para estrangeiros e demonstrou bastante preocupação com o tema, reforçando que acredita que o governo precisa discutir detalhadamente cada item da pauta para não criar um grande problema.

Maggi defende que a venda poderia ser permitida, desde que com regras claras e limites impostos aos compradores. "Pode sim haver uma mudança, mas ela tem que ser estudada. Acredito que terras onde serão cultivadas lavouras perenes, como o café, a cana-de-açúcar, florestas possam ser comercializadas, mas não dá para liberarmos a venda de terras onde são plantadas atividades anuais", disse.

Segundo o ministro, se fundos estrangeiros adquirirem grandes áreas com lavouras de grãos, por exemplo, e por algum motivo decidirem não plantar, o país enfrentaria um grande problema econômico. "Os fundos estrangeiros não estão interessados em áreas pequenas, eles adquiririam grandes extensões. Se um fundo detiver 10% da área plantada com soja, por exemplo, e em determinada safra, decidir não plantar, aí quem perde é o país", alerta. "O Brasil só não está de joelhos porque o agronegócio segurou a economia, então, não podemos criar mais problemas ou riscos para esse setor que vai muito bem".

*A jornalista viajou a convite da Bayer