Publicado em 05/12/2016 17h06

RTRS deve certificar 790 mil ha de soja no Brasil em 2016

Consultor da entidade afirma que agricultores estão buscando certificação em grupo
Por: Raphael Salomão


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Brasil deve passar a representar 70% da soja certificada globalmente pelo padrão RTRS. Foto: Kátia Goretti / Flickr

O Brasil termina este ano com cerca de 790 mil hectares de lavouras com certificação de acordo com as regras da Associação Internacional da Soja Responsável (RTRS, na sigla em inglês). O número mostra um crescimento em relação ao acumulado até o final de 2015, quando eram registrados 432 mil hectares certificados.

Em número de propriedades rurais, significa um crescimento de 73 para 180 fazendas adequadas ao chamado “Padrão RTRS” de um ano para outro. “O Brasil está mais à frente na certificação porque tem uma legislação mais complexa em matéria trabalhista, fiscal”, explica o consultor da associação no Brasil, Cid Sanches.

A Associação Internacional da Soja Responsável foi fundada em 2006, reunindo produtores, indústria, setores de comércio e financeiro, além de organizações da sociedade civil. A intenção é promover a produção e o comércio da oleaginosa de acordo com práticas consideradas sustentáveis padronizadas de forma global.

A certificação envolve critérios como o cumprimento de boas práticas empresariais, respeito às leis ambientais e trabalhistas, além de relações com a comunidade onde a produção está inserida. O processo de avaliação pode ser feito, inclusive, de forma gradual, com metas a serem cumpridas em determinados períodos de tempo.

Entre os brasileiros, explica Cid Sanches, uma das alternativas tem sido a chamada certificação grupal. Produtores se reúnem para fazer a certificação em conjunto, nomeando um gestor do processo. Essa pessoa fica responsável por garantir o cumprimento das normas e por facilitar o contato entre os produtores de soja, os auditores da RTRS e o mercado.

“Na certificação individual, o produtor é que faz tudo isso. Na grupal, o custo de certificação é menor e algumas melhorias feitas e uma fazenda podem ser repassadas para as demais do grupo. Facilita”, defende Sanches, para quem essa opção pode beneficiar, principalmente agricultores de menor porte.

A comercialização da soja certificada é feita basicamente de duas formas. A primeira é com o chamado crédito de certificação, um sistema que Sanches coloca como semelhante ao que já é feito com os chamados créditos de carbono.

Nessa situação, o comprador pode originar a soja de qualquer lugar independentemente de estar ou não no padrão RTRS. Em compensação, deve comprar um papel relativo à soja certificada em um volume equivalente e que não precisa ser da mesma origem.

A segunda forma de comercialização é a do produto físico, quando é feita a venda direta do produto. Aumentar o volume de soja certificada ano a ano é fundamental para atender essa demanda. “A soja física certificada está sendo cada vez mais demandada. Por isso, precisamos de mais adesões”, garante Cid Sanches.

Meta 2020

Até o ano passado, a Associação Internacional da Soja Responsável reunia 192 integrantes de várias partes do mundo. Desses, 16% eram produtores do grão, 11% organizações da sociedade civil, 20% observadores e 53% eram representantes dos segmentos de indústria, comércio e finanças.

Neste ano, o número de integrante das Associação já superou os 200, explica o consultor da RTRS no Brasil, e a quantidade deve chegar a 3,3 milhões de toneladas certificadas em várias partes do mundo. Com o resultado deste ano, o Brasil passará a somar 2,3 milhões de hectares certificados, representando 70% do volume total.

A meta da Associação Internacional da Soja Responsável é chegar a 2020 com 10 milhões de toneladas do grão certificado. De 31 de maio a primeiro de junho de 2017, a instituição realizará sua conferência anual, dessa vez no município de Lille, na França.

Sanches explica que a intenção é aproximar mais o produtor dos mercados consumidores. Especialmente o mercado europeu, destino de 90% dos negócios. No Velho Continente, 10% das compras já são de soja certificada. Holanda, Bélgica e Inglaterra estão entre os principais demandantes. O objetivo é ampliar o acesso à França e Alemanha.