Publicado em 17/11/2016 00h29

UE debate como proteger agricultura em pactos comerciais com outros países

Ministros de Agricultura de 28 países debateram um estudo que avalia os efeitos das negociações internacionais sobre produtos como a carne bovina e os laticínios.
Por: Agência EFE

gado europeu
O relatório alerta que a carne bovina, o arroz e o açúcar estão entre os produtos que poderiam ser os mais afetados pelos acordos de livre-comércio que a UE concluiu ou negocia com outros países. Foto: Cassiano Ribeiro/Ed.Globo

Representantes dos países da União Europeia (UE) debateram nesta terça-feira (15/11) medidas a serem adotadas para proteger o agronegócio da região nos acordos de livre-comércio que estão sendo negociados pelo bloco, como o pacto em discussão com os Estados Unidos e o Mercosul.

Os ministros de Agricultura dos 28 países-membros da UE realizaram uma "troca de opiniões" sobre o assunto a partir de um estudo que avalia os efeitos dos pactos comerciais sobre produtos como a carne bovina e os laticínios.

Fontes consultadas pela Agência Efe afirmaram que "todos os países deixaram claro que estão de acordo em avançar nos acordos de livre-comércio". No entanto, também destacaram a necessidade de conseguir um equilíbrio entre a proteção dos produtos considerados sensíveis e o acesso aos novos mercados.

O relatório alerta que a carne bovina, o arroz e o açúcar estão entre os produtos que poderiam ser os mais afetados pelos acordos de livre-comércio que a UE concluiu ou negocia com outros países, como o Canadá e o Vietnã.

França e Irlanda mostraram preocupação pelo possível impacto dos pactos sobre a carne bovina, segundo as fontes consultadas pela Efe. O estudo também alerta para "eventuais perdas" no setor avícola. Os laticínios e os produtos suínos, no entanto, estão entre os que mais podem se beneficiar dos acordos, da mesma forma que as bebidas alcóolicas e o tabaco.

Os ministros acertaram em retomar o debate sobre o estudo em uma nova reunião em janeiro, disse em entrevista coletiva a titular da Agricultura da Eslováquia, Gabriela Matecna, cujo país exerce neste semestre a presidência rotativa do Conselho da UE.

"O relatório valida o enfoque europeu de proteger de maneira sistemática os setores sensíveis, limitando a liberalização das importações, disse o vice-presidente da CE para o euro, Jyrki Katainen.

Em paralelo ao debate, Alemanha, França e Polônia pediram hoje ao Executivo da UE "mais informações" sobre as negociações do acordo comercial com o Mercosul, visando uma nova rodada de contatos que será realizada entre os dois blocos em março.

O comissário europeu de Agricultura, Phil Hogan, disse que fará o possível para ser transparente em relação ao conteúdo do acordo, mas disse que não poderá revelar todo o conteúdo das conversas.

Hogan afirmou em entrevista coletiva que as conclusões do relatóro apresentado serão levados em conta nas negociações com o Mercosul e pediu que os países da UE "moderem as expectativas" em relação à vulnerabilidade do setor bovino europeu.

O estudo apresentado hoje sobre os acordos comerciais examina uma ampla gama de produtos que representa 30% das exportações europeias.

Devido à metodologia usada para elaborar o relatório, ele deixa de fora produtos com "grande potencial de exportação" e que representam 70% do valor das exportações do agronegócio do bloco.