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Publicado em 09/11/2016 15h55

Dólar sobe forte e Bovespa despenca após vitória de Trump nos EUA

Resultado das eleições contrariou as expectativas do mercado. Bolsas na Ásia e na Europa também são afetadas.
Por: G1

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O mercado financeiro no Brasil reage com pessimismo ao resultado da eleição nos Estados Unidos nesta quarta-feira (9). O candidato republicano Donald Trump venceu a democrata Hillary Clinton, contrariando as expectativas do mercado.

O dólar opera em forte alta nesta quarta em relação ao real, chegando a subir mais de 2%. "Acho que o dólar pode ir a R$ 3,30 até a próxima semana porque ninguém estava precificando a vitória de Trump", comentou à Reuters o analista de câmbio da corretora Gradual Investimentos, Marcos Jamelli. Já a Bovespa abriu os negócios em queda de mais de 3%, mas reduziu as perdas no final da manhã.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta quarta, após reunião com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em Brasília, que acompanha o movimento dos mercados globais e no Brasil e que tomará as "medidas adequadas" caso seja necessário.

Ele não detalhou, porém, quais medidas poderão ser adotadas. "O meu comentário será sobre os mercados. Nós estamos acompanhando os mercados globais e do Brasil e, caso necessário, tomaremos as medidas adequadas", afirmou Ilan Goldfajn a jornalistas.

Mundo
A vitória de Trump derrubou os mercados na Ásia, com a bolsa de valores do Japão perdendo mais de 5%. Na Europa, os mercados abriram em forte queda, mas diminuíram as perdas após o discurso do republicano, considerado conciliador.

As bolsas na Europa fecharam em alta na terça-feira (8), e as dos Estados Unidos também subiram.

Nesta quarta, a bolsa de Nova York abriu em queda. Porém, as perdas na abertura foram menos acentuadas na comparação com outros mercados. Perto do início dos negócios, o índice Dow Jones caía 0,22%.

Segundo a Reuters, os investidores estão cada vez mais preocupados com a possibilidade de Trump adotar políticas protecionistas e desistir de acordos de comércio internacional.

"Com o Brexit tivemos um dia ruim, mas isso é diferente", disse à agência o estrategista-chefe de mercado da National Securities em Nova York, Donald Selkin, comparando o dia à reação dos mercados logo após a decisão do Reino Unido em deixar a União Europeia.

"Isso é o mais assustador em se colocar o cargo mais poderoso do mundo nas mãos de um homem que muitos acreditam ser temperamentalmente instável. "Seus cortes de impostos podem abrir um enorme rombo orçamentário e suas sanções comerciais podem suspender o comércio mundial. Tudo isso pode gerar uma recessão", avaliou.

"Há muito pânico no mercado, é definitivamente um resultado que não se estava esperando", disse o estrategista do Banorte-IXE, Juan Carlos Alderete. "Os movimentos são muito fortes, o mercado está mostrando maior aversão ao risco em busca de ativos seguros."

"Os Estados Unidos estão experimentando sua própria versão do Brexit", disse o estrategista-chefe de mercado da FXTM, Hussein Sayed.

Veja abaixo a reação dos mercados nesta quarta após o resultado das eleições contrariar as expectativas do mercado:

Na Ásia

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O índice japonês Nikkei encerrou o pregão com queda de 5,36%, aos 16.251,54 pontos. A baixa é a pior desde os 7,92% de queda registrados em 24 de junho, após o referendo que decidiu que o Reino Unido deixará a União Europeia. O segundo indicador, o Topix, perdeu 4,57%, e se situou em 1.301,16 pontos. O mercado japonês fechou antes da divulgação do resultado final nos EUA, mas o mercado reagiu às pesquisas de bocas de urna que já indicavam a vitória do republicano.

As bolsas da China também fecharam em baixa. As ações fecharam antes da confirmação da vitória do republicano, mas ainda assim o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,52% e o índice de Xangai teve queda de 0,61%, para 3.128 pontos. Em Hong Kong, o índice HANG SENG caiu 2,16%, a 22.415 pontos.

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As quedas nas ações da China - tipicamente protegidas da volatilidade do mercado global por fortes controles de capital - foram mais fracas, em meio a dados mostrando recuperação nos preços ao produtor do país, informou a agência Reuters.

O restante da região também teve perdas. Em Seul, o índice KOSPI teve desvalorização de 2,25%, a 1.958 pontos. Em Taiwan, o índice TAIEX registrou baixa de 2,98%, a 8.943 pontos. Em Cingapura, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 1,08%, a 2.789 pontos. Em Sydney o índice S&P/ASX 200 recuou 1,93%, a 5.156 pontos.

Na Europa

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As principais bolsas europeias começaram o dia operando em forte queda. No entanto, o mercado recuperava parte de suas perdas com os operadores dizendo que o discurso da vitória de Trumpfoi equilibrado e conciliatório, aumentando expectativas de que alguns pontos mais inflamados da retórica de sua campanha podem ter ficado para trás.

O índice geral da Bolsa de Valores de Londres, o FTSE-100, por exemplo, abriu baixa de 2,12%. Perto das 8 (horário de Brasília), o Financial Times tinha queda de 0,07%.

Na Itália, o índice seletivo da Bolsa de Valores de Milão, o FTSE MIB, abriu em forte baixa de 3%, mas, perto das 8h, a queda era de 1,58%.

Na Alemanha, o principal índice da Bolsa de Valores de Frankfurt, o DAX, abriu em queda de mais de 4%. Perto das 8h, caía 0,67%.

Em Paris, o CAC-40, caía mais de 2,86% após a abertura. Perto das 8h, caía 1,01%. Em Portugal, a Bolsa de Lisboa perdia 3% no início dos negócios, mas reduzia as perdas para 1,95% perto das 8h. Em Madri, o índice Ibex-35 registrava baixa de 1,52%.

Já as ações na Rússia operam em alta nesta quarta.

Na véspera da eleição, quando o mercdo previa vitória de Hillary Clinton, as bolsas da Europa fecharam em alta. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações europeias, fechou em alta de 0,31%. O índice pan-europeu STOXX 600 subiu 0,32%.

Moedas
O peso mexicano desabou após a vitória de Trump, chegando a bater a maior queda desde 1994, regundo a Reuters. As ameaças de Trump de acabar com um acordo de livre comércio com o México e taxar o dinheiro enviado pelos imigrantes para pagar pela construção de um muro na fronteira entre os países tornaram o peso particularmente reativo aos acontecimentos na disputa pela Casa Branca, destaca a Reuters.

O peso enfraqueceu mais de 13% no after-market do México, ultrapassando a barreira dos 20 pesos por dólar, maior queda desde a Crise da Tequila em 1994. A moeda mexicana reduziu as perdas e caiu cerca de 8,5%, a US$ 19,875 no início da quarta-feira.

Preço do petróleo cai
O petróleo Brent recuava ao patamar de US$ 45 por barril na manhã desta quarta em reação ao resultado das eleições dos EUA. Já o petróleo dos Estados Unidos chegou à casa dos US$ 44 por barril.

O índice global de referência, Brent, teve queda de quase 4%, na mínima desde agosto no comércio asiático, embora posteriormente tenha recuperado parte de suas perdas, segundo a Reuters.