Publicado em 14/09/2016 17h28

Fusão entre Bayer e Monsanto deve aumentar competitividade do mercado, diz especialista

Para o professor Carlos Eduardo Dalto, da FGV, as grandes fusões também são formas de fazer frente à competição internacional.
Por: Globo Rural


De acordo com o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e especialista em agronegócio, Carlos Eduardo Dalto, a compra da Monsanto e  pela Bayer, negócio firmado nesta quarta-feira (14/9), deve ter reflexos positivos para o mercado, pois permitirá a formação de alternativas de produtos mais robustas, que aumentarão a competitividade. “As duas empresas farão uma composição de seus produtos. Uma é especialista em defensivos e a outra em sementes. A partir do momento que ocorre a fusão, juntam-se os portfólios, o que dá espaço para a criação de pacotes de produtos mais completos no mercado”, afirma.

Para o professor, o mercado de sementes e defensivos não ficará totalmente na mão da nova companhia que se forma com a fusão. “Há muitas outras empresas menores que também são fortes. Fala-se bastante na formação de um truste, e isso é um possível ponto negativo da fusão, mas eu não acredito que será assim. Penso que haverá mais competitividade por causa de uma eficiência maior das operações, que passarão a ser em redes, não mais em cadeia”, diz.

Sobre a mudança do modelo de cadeia de produção para rede de negócios, o professor explica que antes as empresas atuavam apenas na fabricação e venda de seus produtos. Com as aquisições, as companhias passam a ter outras formas de atuação no mercado e de interação com seus clientes, “Hoje, a empresa que opera em redes não só fabrica e vende, mas também importa e distribui. Há muito mais ofertas de serviços e produtos perante o mercado”, afirma.

Para o professor, as grandes fusões também são formas de fazer frente à competição internacional. “Empresas chinesas e indianas, por exemplo, têm realizado esse tipo de compra nos últimos anos. Como a chinesa ChemChina, que comprou a Syngenta em fevereiro. Portanto, as empresas também optam por esse tipo de ação estratégica para não ficar atrás das concorrentes”, afirma.

Segundo o professor da FGV, a fusão das duas empresas segue uma tendência de formação de companhias gigantes e multipotentes no agronegócio. “Nos últimos anos, houve uma intensificação nas aquisições, que passaram a ficar mais nítidas quando grandes empresas se envolveram”, diz. O especialista acredita que novas fusões ainda devem acontecer, com empresas tão grandes quanto a Bayer e a Monsanto.

Bunge

Ainda nesta quarta-feira, o presidente da Bunge no Brasil, Raul Padilla, após participar de um debate sobre o futuro do Mercosul promovido pela Câmara de Comércio argentino-brasileira, disse que o negócio não terá necessariamente consequências negativas a clientes e fornecedores das empresas.

Segundo ele, a consolidação do setor pode não significar preços mais altos para clientes da Bayer e da Monsanto - caso dos produtores rurais que abastecem a Bunge - se o ganho de competitividade permitido pela operação for repassado ao restante da cadeia. "Concentração nem sempre tem consequências ruins", disse Padilla, 

Lembrando de outras megaoperações anunciadas no setor neste ano, Padilla comentou que o setor passa por grande transformação. "Temos um processo de concentração forte em muitas áreas da cadeia e que muda a realidade", disse.