Voltou a chover no Sudeste. Mesmo assim, os níveis de água dos reservatórios ainda estão baixíssimos, o que também ameaça o sistema elétrico brasileiro. No curto prazo, segundo especialistas do setor, não deve haver racionamento de energia, em razão da chegada do verão e do aumento de água nos reservatórios das hidrelétricas. Mas se as chuvas forem fracas ou pouco frequentes, incapazes de manter a média histórica para o período, o racionamento de energia pode ocorrer em 2015.
É cada vez mais urgente buscar formas de geração de energia que não dependam das hidrelétricas; e uma das soluções mais viáveis é produzir energia elétrica por meio do bagaço da cana, nas usinas de açúcar e álcool.
Produzir bioeletricidade utilizando cana de açúcar também ajuda – e muito! – os usineiros, já que se faz urgente o fortalecimento do setor sucroalcooleiro, que vive uma crise sem precedentes, com fechamento de usinas e demissões em massa.
“A produção do álcool combustível vive uma situação temerária. A dívida do setor já ultrapassou R$ 60 bilhões e houve demissão em massa – mais de 80 mil empregados– devido ao fechamento de 82 usinas. O preço da gasolina não torna atraente para o consumidor a compra do álcool combustível. Por isso, uma saída para a crise é investir em energia, tudo isto com uma biomassa já existente nos canaviais, apenas promovendo o retrofit das usinas e o aproveitamento parcial da palha na geração.
A cana de açúcar é uma biomassa que pode ser transformada quase que totalmente em energia elétrica aproveitável por meio de processos industriais. Entre abril e novembro – exatamente o período sem chuvas – é quando geralmente as usinas estão moendo a cana para produzir açúcar e etanol e, consequentemente, podem gerar energia elétrica através da queima do bagaço. Este recurso poderia ser melhor aproveitado, poupando água das represas, no período crítico de estiagem, evitando o risco de racionamento de energia.
O Brasil tem condições de produzir um volume considerável de eletricidade por meio da biomassa. Se hoje todas as quase 350 usinas utilizassem o bagaço da cana para produzir energia, juntas poderiam gerar 15.300 megawatts (MW), o equivalente a mais do que gera a Usina de Itaipu. Porém, a realidade, é que hoje, esse tipo de energia equivale a apenas 5% do total que é consumido no país.