As exportações mato-grossenses emplacaram pelo terceiro mês consecutivo a dobradinha de saldo negativo, tanto na evolução mensal quanto no acumulado do ano. Em outubro, os embarques ficaram 10% abaixo do registrado em igual momento de 2013 e o total dos dez primeiros meses está 4,13% inferior ao que havia sido contabilizado de janeiro a outubro do ano passado. Apesar do incremento nas vendas de soja, o espaço que o milho deixou aberto neste exercício, segue puxando a performance da pauta estadual para baixo.
Conforme dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), as exportações estaduais fecharam outubro com movimentação de pouco mais de US$ 900 milhões, contra US$ 1 bilhão em igual mês de 2013. Os negócios contabilizados no mês passado tiveram a menor cifra para o período dos últimos quatro anos. E conforme analistas do comércio exterior, a tendência a partir de agora é de arrefecimento dos negócios em razão da proximidade do exercício 2014 e até porque os estoques disponíveis de soja, principal commodity de Mato Grosso, estão chegando ao fim. Uma fonte ouvida pelo Diário, na tarde ontem e que pediu anonimato, chamou atenção para um fato inédito que deverá ocorrer neste ano: as exportações devem fechar o exercício com a primeira retração desde 1998. Conforme a série histórica do Mdic, desde 1998 o saldo dos doze meses das exportações ascendente, com empate apenas em 2009 e 2010 que somaram US$ 8,42 bilhões cada um.
Como destaca a fonte, em dez meses a pauta estadual de 2014 somou US$ 13,21 bilhões. “No ano passado, os doze meses geraram um faturamento de US$ 15,81 bilhões {cifras inéditas}. Com o resultado até outubro faltam cerca de US$ 2,6 bilhões para que o saldo deste ano empate com o realizado em 2013. Novembro e dezembro, juntos, teriam de superar essa diferença para haver possibilidade de incremento. E estes meses, salvo alguma atipicidade, não são os melhores momentos para grandes vendas, até por conta do esfriamento da demanda internacional, porque vários países entram num rigoroso inverno e suspendem as negociações”. Dividindo a diferença de US$ 2,6 bilhões, cada um dos próximos dois meses deveria faturar cerca de US$ 1,3 bilhão. “Cifras que seriam recordes para o período”, exclama.
Produtos – Na pauta, a soja em grão segue liderando as exportações estaduais. Dos mais de US$ 13,21 bilhões negociados até outubro, o grão foi responsável por 54,34% da receita acumulada nos últimos dez meses. Foram contabilizados US$ 7,17 bilhões, alta de 10,98% sobre o realizado em igual período do ano passado. Mas o avanço das exportações de soja ainda não foi suficiente para compensar o esfriamento da demanda pelo milho.
O cereal, que foi a grande vedete do ano passado e que chegou a fechar o primeiro trimestre do ano com vendas históricas - superiores a da soja -, segue com déficit na comparação anual. Se de janeiro a outubro do ano passado ele representava 19,46% do faturamento da pauta, no mesmo período desde ano é responsável por 10,33%. Conforme o Mdic, o milho soma receita de US$ 1,36 bilhão com envio de 7,14 milhões de toneladas. No mesmo acumulado de 2013 eram US$ 2,68 bilhões e 10,88 milhões de toneladas embarcadas. A queda anual é 49,17%.
Outros importantes produtos da pauta, como os cortes bovinos e o algodão tiveram desempenho distinto. A carne aumentou o faturamento em 16%, de US$ 728,87 milhões para US$ 846,15 milhões, e o algodão retraiu a receita na comparação anual em 1,38%, de US$ 558,49 milhões para atuais US$ 550,77 milhões.
Mercados – Mesmo com perda de apetite, a China segue como a maior parceira comercial de Mato Grosso, responsável por 27,15% da receita. Até outubro os chineses negociaram o equivalente a US$ 2,29 bilhões, -1,52% inferior ao contabilizado em 2013. Holanda, Tailândia, Irã e Espanha completam o ranking dos cinco maiores.