Publicado em 20/04/2016 18h08

Soja sobe mais de US$ 0,30 em Chicago e se aproxima de US$ 10 por bushel

Consultor diz que alta tão acentuada está desvinculada de fundamentos e responde a movimentos de capital especulativo
Por: Rafael Salomão

O preço da soja em grão na bolsa de Chicago acumulou uma alta de US$ 0,70 nas últimas 15 sessões na plataforma norte-americana. Só nesta terça-feira (19/4), o contrato de maio de 2016, o primeiro do painel, teve uma valorização de US$ 0,3125 e encerrou cotado a US$ 9,85 por bushel. No dia 4 de abril, a cotação tinha sido de US$ 9,15.

O mercado futuro norte-americano está colocando preços ainda maiores e mais próximos de US$ 10 por bushel nos papeis de mais longo prazo. Julho de 2016 encerrou o dia cotado a US$ 9,94, alta de US$ 0,3175; agosto de 2016 fechou a US$ 9,96 (+US$ 0,3150); e setembro de 2016, a US$ 9,95 (+US$ 0,3050).

O consultor Pedro Dejneka, diretor da AGR Brasil, vincula a valorização, especialmente, a movimentos de capital especulativo. Segundo ele, o dinheiro dos investidores migrou para as commodities, incluindo a oleaginosa.

O consultor acrescenta que, desde o início de março, o preço da soja, acumula uma valorização superior a US$ 1,30, considerando o primeiro vencimento no painel da bolsa. “Não há fundamentos de mercado que expliquem esta alta, especialmente em um dia sem relatórios sobre a soja. Não são os preços que estão seguindo as notícias, mas o contrário”, diz ele.

Na avaliação de Dejneka, a revisão das projeções para a safra brasileira de soja, que deve ficar abaixo de 100 milhões de toneladas, e as preocupações com perdas na safra da Argentina, por conta do clima, não induzem a uma alta tão acentuada. Ele ressalta que, nos Estados Unidos, há largos estoques do grão e os prêmios oferecidos no mercado físico local estão em patamares baixos. “Os estoques estão inflados nos Estados Unidos e não há necessidade de racionar demanda neste momento”, explica Dejneka.

Nesta terça-feira (19/8), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou exportações de 380 mil toneladas de soja das safras 2015/2016 e 2016/2017 para o México.  Reportou também vendas de 105,412 mil toneladas de farelo de soja das safras 2015/2016 e 2016/2017 para "destinos não revelados".

"É uma demanda rotineira e a maior parte das vendas foi para a safra 2016/2017. A demanda por farelo e soja está pouco acima do esperado, mas ainda bem abaixo do ano passado", pondera Dejneka.

Milho

O mercado de milho em Chicago também encerrou o dia em alta. O contrato para maio de 2016 encerrou o dia a US$ 3,84 por bushel (+US$ 0,034). Julho de 2016 ajustou para US$ 3,89 (+US$ 0,044); e o contrato para setembro de 2016 terminou cotado a US$ 3,90 (+US$ 0,054).