A safra 2013/14 definitivamente não foi favorável aos produtores de feijão paranaenses e demais localidades do País. Clima instável no plantio e na colheita, preços abaixo do custo de produção e atuação mediana do governo na aquisição do produto via leilões fizeram com que muitos amargassem prejuízo ou ainda ficassem com os estoques abarrotados da leguminosa.
Para a primeira safra 2014/15 (a das águas) a expectativa é um pouco melhor, com os preços começando a se recuperar na entressafra e, claro, com a retração natural de área e produção neste momento. A menor expectativa colocada sobre a nova safra em todo o País tem um lado positivo: durante este momento, os preços do feijão de cor – principal variedade plantada no Estado – já começaram a ficar em patamar mais elevado.
Entre agosto e outubro, houve salto da saca de 60 kg de R$ 53,88 para R$ 68,79, alta de 27%. Em novembro, os valores ultrapassaram a marca de R$ 80 em algumas praças. Na quinta-feira fechou em média a R$ 77,55 no Paraná. Já o feijão preto permanece com os preços estáveis, na casa dos R$ 90 este mês. "A retração das áreas e da produção aqueceram os preços, que estão em plena recuperação", relata o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) especializado na cultura, Carlos Alberto Salvador.
De acordo com dados da entidade, a expectativa para a safra das águas, que já está praticamente toda plantada, é de uma área de 197,4 mil hectares, diminuição de 7% frente aos 238,1 mil hectares do ano passado. No País, segundo números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área de feijão deve cair de 4% a 8%.
Em relação à produção, a queda no Estado deve ser de 6%: de 402,3 mil toneladas de 2013/14 para 367,5 mil toneladas esperadas neste momento. No Brasil, o número pode recuar até 14%. Já o rendimento (produtividade) estadual deve saltar de 1.700 quilos por hectare para 1.865 quilos, alta de 10%. "A menor aposta na safra das águas é justificada pelos preços muito baixos que tivemos durante todo o ano. Os médios e grandes agricultores fizeram o repasse das áreas plantadas da leguminosa para a soja, que está com a saca mais valorizada", explica.
Só para se ter uma ideia do volume de feijão no Estado, a segunda safra de 2013/14, que geralmente nesta altura do ano já está completamente comercializada, ainda não atingiu o patamar de 90% vendida. "São cerca de 50 mil toneladas estão nas mãos dos agricultores, que preferiram segurar devido aos preços muito baixos. Está saindo bem devagar, enquanto já estamos no término do plantio da nova safra", diz o técnico do Deral.
Agora, resta saber se os valores vão se sustentar, já que a segunda safra começa a ser plantada em janeiro. "O tamanho desta segunda safra deve influenciar todo o mercado. Também temos que avaliar o consumo de feijão no início do ano, que geralmente é menor devido ao clima mais quente. Os produtores estão na expectativa de um clima mais estável, para que possam plantar e colher com qualidade, além de se recuperar do cenário da safra anterior", finaliza Salvador.