Entre as grandes safras paulistas, as de café e cana foram especialmente prejudicadas pela seca histórica registrada no último verão, que foi seguida por meses de precipitações mensais mais baixas que a média.
A colheita de café apenas não cairá na comparação anual porque 2013 foi um ano de baixa no ciclo bianual de produtividade das plantações de arábica. Já safra de laranja contou com uma grande florada ao final do ano passado, permitindo um pequeno crescimento da produção em 2014. No caso da cana, as perdas foram expressivas.
São Paulo, que responde tradicionalmente por mais de 70 por cento da safra de cana do centro-sul, deverá colher 402,6 milhões de toneladas este ano, segundo levantamento feito em setembro, redução de 1,6 por cento na comparação com a estimativa de junho, e uma queda de 9,4 por cento em relação a 2013.
A secretaria explicou que a queda de safra considera perdas de produtividade devido à estiagem e uma área plantada que parou de crescer, como acontecia anteriormente, por conta das "condições econômicas adversas que atravessa o setor nos últimos anos".
A "anomalia climática desfavorável que atingiu a lavoura no período de desenvolvimento" reduziu a produtividade em 10,2 por cento, segundo apuraram os especialistas do governo.
SAFRA DE CAFÉ MELHOR, MAS NÃO MUITO
A safra de café do terceiro Estado produtor da commodity no Brasil fechou este ano em 4,6 milhões de sacas, incremento de cerca de 4 por cento ante a projeção de junho, segundo o levantamento da secretaria.
O governo alertou que em anos de alta do ciclo bianual do arábica, como foi 2014, os paulistas colheriam mais de 5 milhões de sacas. Mas a seca evitou um resultado melhor.
Na temporada de 2013, ano de baixa do ciclo bianual do arábica, a colheita de café de São Paulo somou 4,42 milhões de sacas da temporada anterior.
São Paulo é o terceiro Estado produtor de café do Brasil (maior produtor global), atrás de Minas Gerais e Espírito Santo, cuja safra em sua maioria é da variedade robusta.
Considerando apenas a produção de arábica, os paulistas estão na segunda posição entre os principais produtores do país.
"Para a cultura do café, a anomalia climática incidente no primeiro trimestre do ano impôs prejuízos à formação e enchimento dos frutos, ocasionando diminuição da peneira, má formação e chochamento das sementes", disse a secretaria em nota.
A secretaria disse ainda que as perdas somente não foram maiores nos cinturões produtivos de Franca e Ourinhos por terem sido beneficiados por chuvas irregulares no primeiro trimestre, enquanto aqueles situados em condição de montanha (São João da Boa Vista, Bragança e Campinas) foram menos afetados pela seca.
LARANJA
A safra de laranja prevista para este ano em São Paulo, Estado que responde por quase todos embarques de suco do Brasil, o maior exportador mundial, aponta para um volume total de 292,9 milhões de caixas de 40,8 kg, leve baixa de 0,75 por cento na comparação com o levantamento de junho, mas ainda 2,3 por cento acima do obtido na temporada passada, "visto que a florada (para 2014) foi abundante no final de 2013".
Os números incluem tanto a safra comercial --com processamento pela indústria e que já está na fase final de colheita-- quanto os frutos provenientes de pomares não expressivos economicamente, bem como as perdas relativas ao processo produtivo e as de colheita.
Espera-se uma produtividade agrícola de 26.475 kg/ha, superior àquela obtida na estimativa final da safra anterior em 5,2 por cento (equivalente a 1,8 cx./pé). Porém, em algumas regiões sem irrigação, a produtividade está prevista em 1,5 cx./pé.
A seca, entretanto, favoreceu o rendimento industrial da laranja colhida, disse à Reuters o diretor-executivo da CitrusBR, associação que representa a indústria, Ibiapaba Netto, explicando que os frutos vieram com mais suco do que água este ano.
"Vai ser um dos melhores rendimentos industriais, a laranja está pequena, cheia de suco, precisa de menos caixas (de laranja) para fazer uma tonelada (de suco)", afirmou Ibiapaba Neto, comentando que o processamento da safra deverá ser encerrado ao final de dezembro, diferentemente de outras que se estendem até janeiro.
Ele acrescentou que a seca, contudo, traz dúvidas para a florada que vai gerar a safra do ano que vem. A CitrusBR diz que só será possível quantificar isso em fevereiro.