Publicado em 07/11/2014 08h50

MT: ambiente de negócios ruim

Mato Grosso, maior produtor nacional de grãos e fibras e o nono maior fornecedor de soja no mundo, tem muito que crescer no segmento industrial. Mais que isso, tem muito a melhorar, avançar, para deixar de ser um dos ambientes menos atrativo do país para o segmento. Atualmente, Goiás e Mato Grosso Sul são as melhores opções no Centro-Oeste para os investimentos.
Por: Diário de Cuiabá

nigo

No celeiro do país, os problemas extrapolam a deficitária logística que abocanha a renda do frete de ida da produção e de vinda da matéria-prima. Não bastasse a falta de estradas e modais, o Estado tem a segunda energia elétrica mais cara e a maior alíquota do Simples Nacional do Brasil. Reflexo dessa realidade é que da formação do Produto Interno Bruto (PIB) o segmento industrial participa com apenas 16,4%, percentual que coloca o Estado na 21ª posição nacional.

A falta de um ambiente atrativo de negócios em Mato Grosso pode ser comprovada na movimentação dos últimos dois anos: praticamente nenhum investimento de grande vulto aportou, com exceção de projetos voltados para o agronegócio, destaca o presidente da Federação das Indústrias no Estado (Fiemt), Jandir Milan.

Se há um movimento de desconcentração das indústrias no país, Mato Grosso ainda não tem sido o endereço preferencial dos industriais. As informações fazem parte do estudo ‘Perfil da Indústria nos Estados – 2014’, divulgado ontem pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), com dados colhidos sobre o realizado em 2013. Conforme a entidade, o estado de São Paulo, o maior parque fabril do país, vem perdendo espaço na produção da indústria brasileira. Por outro lado, aumentou a participação no PIB dos outros três estados do Sudeste, e de outros localizados nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Também são esses estados que estão contratando mais trabalhadores.

De acordo com o raio-x local, Mato Grosso possui PIB industrial de R$ 11,9 bilhões, equivalente a 1,2% da indústria nacional e que responde por 16,7% da economia do Estado. O segmento se concentrada na produção de alimentos, cuja participação é de 64,6%. A indústria fechou 2013 com 167 mil trabalhadores e é responsável por 21,1% do emprego formal local.

Ainda em relação aos dados referentes ao exercício 2013, Mato Grosso possui 9.571 empresas industriais, respondendo por 1,8% do total de empresas que atuam no setor brasileiro. A indústria exportou US$ 912 milhões em 2013, o equivalente a 5,8% do total embarcado no período. O Estado é o 16º com maior valor de exportações industriais do país.

A indústria mato-grossense de caracteriza como micro empresa, até 9 empregados. Das mais de 9,5 mil indústrias, 71,8% têm esse perfil e outras 23,5% são consideradas pequenas empresas, pois possuem entre 10 a 49 empregados.

Apesar de um avanço considerável de 0,4 pontos percentuais (p.p.) no ganho de participação no segmento brasileiro do setor, entre 2001 e 2011 – em nível regional -, paga em média R$ 1.640,00 ao trabalhador industrial, salário 21,4% abaixo da média do país. A melhor remuneração na região está no Distrito Federal, R$ 2.319,00, 19,2% acima da média nacional.

DECISIVO - Em relação ao custo da energia, Mato Grosso tem o segundo maior valor médio para o megaWatt (mWh) para consumidores industriais cativos em 2013: R$ 422,88, 35% acima da média nacional. O maior valor está no Acre, R$ 443,07/mW. O terceiro, em Roraima, R$ 422,01/mW.

Outro peso em desfavor de Mato Grosso é a carga tributária. Além daquela que incide sobre a energia, e a faz a segunda mais cara do país, o Simples Nacional tem a maior alíquota efetiva média industrial do país: 23,2%. O Acre, que ocupa a segunda posição desse ranking das ‘desvantagens’, tem média de 8,8% para o setor.

Para Milan, frete, energia e impostos tornam de fato o ambiente local pouco atrativo para negócios. “Goiás, aqui do lado, têm uma outra, e melhor, realidade”, exclama.

Mesmo reconhecendo as dificuldades locais, Milan destaca que a logística tem perspectivas de melhoras no curto prazo com as obras em curso na BR 163 e que vão escoar a produção local pelos portos do Norte. “Isso vai baratear o frete de ida e vinda e isso deixará Mato Grosso numa posição de destaque e de privilégio em relação ao país”, declara.

Sobre o Simples Nacional, o dirigente acredita na força do setor e na vontade política dos novos governos, tanto estadual quanto federal. “Nossa pauta foi apresentada aos candidatos, acreditamos em reduções gradativas, especialmente energia e comunicação. Sobre o Simples, tramita na Câmara Federal alterações que vão equilibrar essa diferença”.

Publicidade