O quinto cereal mais produzido no mundo apresenta antocianinas, taninos e outras substâncias que inibem a proliferação de células de alguns tipos de câncer, como o de cólon e o de esôfago, além de contribuírem para a redução do colesterol e do diabetes tipo 2.
O sorgo também é isento de glúten, podendo ser usado em dietas específicas para pessoas portadoras da doença celíaca. Rico em propriedades antioxidantes, seu valor nutricional é semelhante ao do milho em termos de proteína, gordura e carboidratos. Os resultados promissores relacionados ao uso do cereal na alimentação humana estão sendo identificados por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade de São João del-Rei (UFSJ) e Embrapa.
Segundo a pesquisadora Hercia Stampini Martino, da UFV, estudos in vivo mostram que as antocianinas presentes na composição do sorgo, especialmente nos de coloração negra, diminuíram a proliferação das células cancerígenas em experimentos conduzidos em ratos. "Em dietas fornecidas durante 10 semanas para ratos com níveis normais de colesterol e triglicérides, observamos diminuição do número de criptas aberrantes (relacionadas ao câncer) e aumento da atividade antioxidante quando são utilizados os farelos de sorgo negro e marrom", explica Stampini.
De acordo com ela, as antocianinas têm uma espécie de "efeito protetor" ao induzir a produção de enzimas que metabolizam as células cancerígenas. Outra vantagem comprovada pelos pesquisadores é a tendência de redução da glicose sanguínea, do colesterol total e do chamado "mau colesterol" ou LDL em ratos que receberam uma dieta rica em gorduras. "O sorgo é um cereal com elevado valor nutritivo e ainda são necessários estudos para avaliar o efeito protetor e terapêutico do grão integral em humanos, incluindo a expressão de proteínas e genes", esclarece a pesquisadora.
Cereal é mais resistente à seca
Para o produtor, o sorgo é uma opção rentável durante a segunda safra, principalmente quando são registrados menores índices de chuvas. "Com as alterações no clima que estão ocorrendo, principalmente em relação à temperatura e à seca, o cultivo do cereal tende a trazer mais garantias no que se refere à estabilidade de produção", explica o pesquisador Cícero Beserra de Menezes, da área de Melhoramento Genético da Embrapa Milho e Sorgo. Dados da Empresa revelam que o custo de um hectare de sorgo é metade do custo de um hectare de milho, e o sorgo ganha ainda em estabilidade e rusticidade. Apesar da média nacional de produtividade ser de 2,6 toneladas por hectare, produtores que utilizam mais tecnologia têm conseguido produzir o dobro.