A Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel) considera que 2014 está sendo um ano generoso para a apicultura brasileira. Até agosto, as exportações de mel e derivados superam em 105% o volume dos primeiros oito meses do ano passado, enquanto a produção, no mesmo período, cresceu 73,6%. Com a melhoria das condições climáticas e a maior capacitação da cadeia produtiva, o ano representa uma retomada dos negócios para o setor e já serve como referência – o aumento do preço médio exportado nos últimos anos, passou de US$ 2,53/kg em 2009 para US$ 3,85/kg em 2014.
De acordo com a gerente executiva da Abemel, Flávia Salustiano, o crescimento das exportações tem incentivo determinante da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que desenvolve em parceria com a Abemel, dentre outros programas, o Projeto Setorial Integrado Brazil Let’s Bee, em que 82% das empresas parceiras já exportam parte da produção. O objetivo é desenvolver ações de promoção comercial e ajudar produtos apícolas nacionais de qualidade a cruzar fronteiras, promovendo a participação em feiras internacionais e rodadas de negócios, realizando missões prospectivas e valorizando o produto brasileiro nos pontos de venda no exterior. Um dos exemplos é o programa Design Export, que desenvolveu novas embalagens para o produto brasileiro, então exportado a granel em galões de 50 litros e envazado em embalagens pouco funcionais e atrativas.
Este quadro favorável de exportações deve-se ao incremento de produção, que é resultado da profissionalização de pessoal e do consequente atendimento aos padrões de qualidade exigidos pelo mercado internacional, que acabou premiando uma marca brasileira com o título de melhor mel do mundo, em evento de referência realizado na Ucrânia em 2013. A capacitação profissional, desde antes da fase industrial dos processos de produção de mel e derivados, é fundamental para a qualidade do produto para o consumidor. O Sebrae, por meio do Sistema de Inteligência Setorial (SIS), apresenta dezenas de relatórios, estudos, e outras informações abrangentes sobre este setor.
Segundo o gerente de exportação da empresa ganhadora do título de melhor mel do mundo, Tarciano Silva, o apicultor é treinado para colher e manusear o mel de forma adequada – mantendo a mesma qualidade que o produto tem dentro da colmeia –, e reconhecer o mel diferenciado, através de degustação em laboratório. A secretária executiva da Abemel, Joelma Lambertucci, destaca ainda que além das parcerias de incentivo comercial, a criação de algumas normas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para o setor apícola brasileiro, fixando critérios de qualidade foram importantes para a aceitação do produto nacional no exterior. Para ela, o Brasil busca "não somente quantidade, mas valor agregado e, sobretudo, conseguir certificar e tipificar nossos produtos, estabelecendo o país como fornecedor de mel e própolis de qualidade diferenciada e referência mundial".