Publicado em 29/10/2014 15h45

EUA tiram o atraso na colheita e cotações reagem de olho na América do Sul

Roteiro percorre as regiões produtoras do Corn Belt, o cinturão do milho norte-americano
Por: Agrolink

cornbelt

A Expedição Safra acompanha nesta semana a fase final da colheita 2014/15 nos Estados Unidos. Apesar da chuva, que continua interrompendo os trabalhos no campo, os produtores norte-americanos conseguem aos poucos tirar o atraso na soja, que entra na reta final, e avançam agora sobre a área de milho. Conforme avaliação dos técnicos e jornalistas da Expedição, mais de 80% da soja já foi colhida. No milho, mais de 40% da extensão ainda está por ser colhida. A depender da região produtora, o atraso é de até duas semanas em relação ao ano passado, o que aumenta a preocupação com o clima. Começa a ficar mais frio e possibilidade de geada e neve é cada vez maior. Há uma preocupação com a qualidade dos grãos.

Os Estados Unidos estão colhendo 33,75 milhões de hectares de soja e 33,63 milhões de hectares de milho. A oleaginosa tem potencial para 107 milhões de toneladas de soja e 368 milhões de toneladas do cereal, a depender do ritmo de colheita e do comportamento do clima nas próximas semanas. Em 10 anos, em apenas duas ocasiões a área colhida com soja foi maior que a de milho. A inversão, segundo Luana Gomes, jornalista e a analista de mercado da Expedição que está nos EUA, se justifica no preço da soja na época da decisão de plantio, que estava mais atrativo do que a do milho.
 
Área e produção recorde nos Estados Unidos e a intenção recorde de plantio na América do Sul, liderada pelo Brasil, fez a cotação da soja perder mais de 25% e do milho 23% em apenas um ano na Bolsa de Chicago. Para as duas commodities, é o menor preço em quatro anos. Depois de recuar a perto de US$ 9/bushel no início de outubro, na última semana do mês a soja ganha terreno em Chicago e opera próximo dos US$ 10/bushel. A reação é fruto da especulação, dos fundos de investimento que estão indo às compras. E também dos fundamentos, que tem a ver com o comportamento do clima e o atraso do plantio na América do Sul. No mercado interno brasileiro, a falta de soja disponível para as indústrias de esmagamento e o dólar valorizado frente ao real mantém a cotação da soja aquecida e acima de R$ 50/saca.
 
O roteiro pelo Corn Belt, o cinturão do milho norte-americano, ocorre entre os dias 26 e 31 de outubro pelos estados de Illinois, Iowa, Nebraska e Minnesota. Ao longo de uma semana, a Expedição Safra vai acompanhar de perto a reta final da colheita da supersafra com visitas a produtores, entidades de representação do setor agrícola dos EUA e estações de transbordo.
 
A equipe também discute o mercado internacional e a cotação das commodities. “Com os preços baixos, o produtor norte-americano está preferindo segurar o milho nos armazéns. A resistência em vender a safra favorece o mercado brasileiro que ainda está carregando estoque da última safrinha de milho”, destaca Giovani Ferreira, coordenador da Expedição Safra.
 
A soma desses fatores vem mantendo o volume de exportação mensal do Brasil para o mundo perto de 3 milhões de toneladas.

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