Publicado em 25/05/2015 11h30

Suzano testa celulose tipo fluff com clientes e avalia vendas no Brasil e no exterior

A Suzano Papel e Celulose, que está investindo 30 milhões de reais para começar a produzir no Brasil celulose tipo "fluff", usada em fraldas e absorventes, está na fase de implementação do projeto e otimista com os testes do produto, enquanto avalia o mercado doméstico e o internacional para decidir onde vai alocar a produção.
Por: Reuters

A companhia está apostando que terá vantagem na fabricação local, já que no momento todo o consumo brasileiro do insumo é importado, principalmente do sul dos Estados Unidos. Segundo dados do serviço de informações especializado no setor Risi, com os quais a Suzano trabalha, o Brasil consumiu 292 mil toneladas do insumo em 2014, volume que deve crescer 4,3 por cento ao ano nos próximos cinco anos.

"Aqui no Brasil vai haver uma vantagem com a fibra local, deve trazer mais competitividade de logística e de impostos", disse Juliana Andreotti, coordenadora do projeto Eucafluff, como foi apelidado a celulose fluff produzida pela empresa. Ganhos com variação cambial não devem ser registrados, já que o insumo é cotado a preços internacionais.

O gerente executivo de inovação da Suzano, Fábio Figliolino, conta que o foco agora é consolidar no mercado a celulose fluff produzida a partir da fibra curta, substituindo a tradicional fibra longa importada e superando certa resistência inicial de clientes ao novo produto.

Ao longo de cinco anos de desenvolvimento de sua celulose fluff de fibra curta, a Suzano conseguiu um produto que é capaz de substituir 70 por cento da fibra longa na fabricação de absorventes. No caso de fraldas infantis, o percentual ficou entre 30 e 50 por cento.

"O que nos deixou animados é que essas porcentagens foram conseguidas sem ser necessária modificação de equipamentos dos clientes, foram simplesmente ajustes. Para usar esse percentual, o fabricante não precisa investir", disse Figliolino.

Ainda é difícil dizer se um dia poderá haver a substituição total, mas isso pode ocorrer, segundo o executivo. Por enquanto, os produtos ainda exigem um percentual de fibra longa na fabricação.

"No início você faz um 'mix'. Estamos fazendo com fluff o que fizemos com papel para imprimir e escrever e 'tissue' (sanitário). E hoje as fabricantes utilizam fibra curta", disse.

Nesse processo, a empresa está de olho não apenas na comercialização para clientes brasileiros. A Suzano diz que também pode exportar o insumo, mas ainda está avaliando para onde destinará a produção. Na América Latina, segundo dados do Risi, o mercado demandou 815 mil toneladas de fluff no ano passado.

A companhia terá capacidade de produção de 100 mil toneladas anuais de celulose fluff, inicialmente, por meio de modificações em uma máquina instalada em fábrica da empresa em Suzano (SP), na qual reduzirá a produção de papel para imprimir e escrever para produzir o insumo. Uma expansão de capacidade dependerá da velocidade de adoção do produto no mercado e das perspectivas que se abrirão a partir disso.

O produto deve entrar efetivamente no mercado em janeiro, possivelmente ainda não com capacidade plena de produção, pouco antes da rival Klabin também inaugurar sua produção de fluff.

A nova fábrica da Klabin em Ortigueira (PR), o Projeto Puma, tem início previsto para março de 2016 e fabricará 1,5 milhão de toneladas de celulose. Do total, 400 mil serão de fibra longa, parte dela convertida em fluff.

Segundo Figliolino, a ideia da Suzano não é brigar diretamente com a Klabin. "A questão da Suzano é substituir fibra longa por fibra curta, não importa de onde ela venha."