Publicado em 20/05/2015 17h19

Eficiência da produção pecuária reduz emissão de gases-estufa

A emissão média anual de metano (CH4) por bovinos pode ser reduzida em até 35% com a adoção de estratégias de mitigação. A emissão média anual brasileira é de 57 kg de metano por animal. De acordo com o pesquisador Alexandre Berndt, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), com ações para aumentar a eficiência da produção pecuária e melhorar o desempenho dos bovinos é possível reduzi-la para 37,7 kg.
Por: Embrapa

19.05.2015 boi

Pesquisas indicam que a pecuária contribui para a emissão de gases de efeito estufa (GEE), como metano e óxido nitroso (N2O). Conforme a pesquisadora Patrícia Perondi Anchão, da Embrapa Pecuária Sudeste, uma simulação de balanço entre as emissões e as remoções de gases de efeito estufa em um processo de recuperação de pastagem revelou que é possível a obtenção de saldo positivo de carbono. Alguns sistemas de produção, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), e alterações na nutrição animal, como inclusão de aditivos na dieta bovina que melhoram a sua digestibilidade, são estratégias pesquisadas pela Embrapa e que têm potencial para diminuir as emissões da agropecuária. Isso ocorre porque os sistemas integrados retêm mais carbono e uma melhor digestão promove menores emissões de metano pelos animais.

No entanto, o problema é mais grave em áreas de pastagem degradada, porque nessas condições, o solo perde matéria orgânica e libera maior quantidade de gás carbônico (CO2) para a atmosfera.

De acordo com a pesquisadora, para manter o desenvolvimento do setor é necessário observar a dinâmica de gases de efeito estufa nos sistemas de forma holística. "Deve-se levar em consideração todos os compartimentos dos sistemas produtivos: solo, planta, animal e atmosfera, já que alguns componentes podem realizar a remoção dos GEE, reduzindo as emissões", esclarece. Segundo a pesquisadora, pastagens manejadas de forma adequada sequestram grandes quantidades de carbono e contribuem, ainda, para o aumento de matéria orgânica na área, melhorando a fertilidade do solo e a qualidade da pastagem.

O trabalho da pesquisadora constatou que a diferença líquida do balanço é positiva, com um saldo de 7,68 toneladas por hectare de CO2 sequestrado anualmente em pastagens recuperadas comparando-se à vegetação natural, garantindo o abatimento das emissões dos animais.

Patrícia Anchão destaca que a falta de correção do solo, de fertilização de manutenção, de controle da erosão, associada ao manejo inadequado da planta forrageira, tem levado à degradação de milhões de hectares de pastagens. "A recuperação dessas áreas degradadas e a adoção de sistemas integrados, como lavoura-pecuária, silvipastoris e agrossilvipastoris, permitem aumentar a capacidade de suporte animal e evita a necessidade de se ocupar novas áreas para exploração com pastagens", ressalta.

Além de conter a pressão sobre a floresta, a consorciação de animais, de culturas agrícolas e de árvores permite a diversificação das propriedades pecuárias e o aumento da renda do produtor rural. Outro ponto que pode ser destacado é a disponibilidade dos produtos pecuários próximos aos centros consumidores, o que contribui para a redução da emissão de GEE, já que, com isso, diminuem as distâncias para a realização de transporte, que tem alto potencial de emissão de gases de efeito estufa, devido ao uso de combustíveis.

Alimentação mitigadora

Aumentar o desempenho animal também é uma estratégia que favorece a redução das emissões de GEE pelos bovinos. Segundo Berndt, a produção de metano depende da quantidade e qualidade do alimento ingerido, do tipo de animal, do grau de digestibilidade e das condições de criação.

O pesquisador ressalta que as principais ações para redução do metano estão relacionadas à melhoria dos índices zootécnicos de produção e de reprodução (redução da idade de abate, do intervalo entre partos, da idade a primeira cria), manejo nutricional, bem-estar animal e manejo dos bovinos e da pastagem. As estratégias incluem uso de aditivos, manejo intensivo de pastagem, uso de grãos e alimentos concentrados na dieta dos animais, processamento adequado das forragens conservadas de modo a aumentar sua digestibilidade, uso de leguminosas etc.