Mercado de açúcar ignora dados da UNICA e amplia perdas em NY
Publicado em 03/09/2025 07h00

Mercado de açúcar ignora dados da UNICA e amplia perdas em NY

O mercado futuro de açúcar em Nova York fechou em queda, com o contrato de outubro/25 a 16,34 centavos de dólar por libra-peso, ignorando os números robustos de moagem da quinzena.
Por: Redação

O mercado futuro de açúcar em Nova York encerrou a semana com desvalorização, registrando uma queda de 10 pontos para o vencimento de outubro de 2025. Segundo Arnaldo Luiz Corrêa, especialista em gestão de risco, as quedas foram mais acentuadas nos contratos mais longos. O movimento pode ser explicado por fixações antecipadas de usinas para as safras 26/27 e 27/28, que buscaram aproveitar a valorização do cupom cambial.

Os dados de produção da quinzena, aguardados pelo setor, não foram suficientes para reverter a tendência de baixa. A moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul atingiu 47,63 milhões de toneladas, um volume 8% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. O mix de produção foi de 55% para o açúcar, com um Açúcar Total Recuperável (ATR) de 144,83 kg por tonelada, 2,5 kg acima do esperado.

Projeções e Incertezas

Com base nesses números, analistas projetam que a safra atual tem potencial para atingir 595 milhões de toneladas de cana. A produção de açúcar, a depender do mix final adotado pelas unidades produtoras, pode variar entre 39,8 e 40,6 milhões de toneladas.

Apesar do desempenho positivo da moagem, o cenário permanece incerto. Relatos indicam que diversas regiões produtoras apresentam canaviais em condições ruins, e um número considerável de usinas já sinaliza o encerramento da safra para outubro. No mercado financeiro, fundos de investimento mantêm posições vendidas, aguardando gatilhos que possam direcionar os preços.

Cenário para as Próximas Safras

Para o ciclo 26/27, a perspectiva é de recuperação da produtividade. “A tendência é termos uma recuperação importante, em razão das renovações de canaviais e do avanço das novas variedades de cana, o que pode resultar em uma safra maior. Qualquer número é chute, mas alguns analistas apontam 630-640 milhões de toneladas de cana para o Centro-Sul”, aponta Corrêa.

Uma safra maior, no entanto, pode representar um risco de preços mais baixos no futuro. A expectativa de queda na cotação do petróleo Brent, somada a uma possível valorização do real, tende a reduzir a competitividade do etanol frente à gasolina. Esse fator pode direcionar um volume maior de cana para a produção de açúcar, pressionando ainda mais as cotações da commodity.