As cotações do algodão enfrentam um cenário de pressão, influenciadas por uma oferta global elevada e uma demanda internacional fragilizada. Fatores como o baixo crescimento da economia mundial, incertezas comerciais e o enfraquecimento do mercado de petróleo contribuem para a ausência de suporte à valorização da pluma, aponta o relatório Agro Mensal, da Consultoria Agro do Itaú BBA.
No mercado brasileiro, a tendência de baixa se confirmou em julho, após um recuo já observado em junho. Em Rondonópolis (MT), o preço da pluma registrou uma queda de 4%, para R$ 3,92 por libra-peso. A intensificação da colheita e a maior disponibilidade do produto beneficiado acentuaram o movimento de desvalorização.
Os preços do caroço de algodão também sentiram o impacto da entrada da nova safra. Apesar da queda, os valores permanecem acima dos registrados no mesmo período do ano passado. De acordo com dados do Cepea, a cotação média em Lucas do Rio Verde (MT) foi de R$ 921 por tonelada em julho, um recuo de 40% no mês, mas uma alta de 72,9% na comparação anual. Em Primavera do Leste (MT), a média ficou em R$ 1.149 por tonelada, representando uma queda mensal de 31,9% e um aumento de 68,1% em um ano.
O balanço global para a safra 2025/26 indica que os estoques de passagem devem atingir 16,8 milhões de toneladas, o maior volume desde o ciclo 2019/20, quando alcançaram 18,2 milhões de toneladas. A projeção é de um aumento na produção dos Estados Unidos e do Brasil. China e Índia, por sua vez, devem ter safras menores, mas ainda em volumes consistentes, o que limita a necessidade de ampliar as importações.
No comércio internacional, novos acordos firmados pelos Estados Unidos com países asiáticos, como Vietnã e Bangladesh, estabelecem tarifas de 20% e 35%, respectivamente, sobre produtos têxteis. Essa taxação pode encarecer os produtos finais no mercado norte-americano, com potencial para reduzir a demanda por vestuário e, consequentemente, por algodão.