A resistência da buva (Conyza bonariensis) a herbicidas, principalmente ao glifosato, consolidou-se como um dos principais desafios técnicos e econômicos para os produtores rurais no Brasil. Presente em praticamente todas as regiões agrícolas do país, a planta daninha impacta diretamente a produtividade das lavouras e eleva os custos operacionais.
Estudos indicam que uma única planta de buva por metro quadrado pode reduzir o rendimento da soja em até 14,6%. Em áreas com infestação de sete plantas por metro quadrado, as perdas de produtividade chegam a 50%. Além da competição por luz, água e nutrientes, a presença da daninha dificulta a operação de colheita e afeta a qualidade final da produção.
Os prejuízos financeiros são expressivos. No Paraná, os custos adicionais com o manejo de plantas daninhas resistentes alcançam R$ 2 bilhões por safra. No Rio Grande do Sul, a soma das perdas com os gastos de controle ultrapassa os R$ 4 bilhões. Em nível nacional, os prejuízos no sistema produtivo da soja já somam R$ 5 bilhões anuais, com potencial para chegar a R$ 9 bilhões.
A evolução da resistência é um ponto de atenção. Inicialmente controlada pelo glifosato, a espécie desenvolveu biótipos resistentes em diversas regiões. No Paraná, casos de resistência múltipla, ao glifosato e a inibidores da enzima ALS, são identificados desde 2011. O cenário força os agricultores a buscarem novas estratégias de controle.
Práticas de manejo integrado ganham protagonismo como resposta ao problema. O uso combinado de diferentes herbicidas, a rotação de culturas e o manejo cultural demonstram maior eficiência. Produtos com ativos como flumioxazin, sulfentrazone e diclosulam, aplicados em pré-emergência, podem suprimir a planta por até 70 dias, segundo estudos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Para o controle em pós-emergência, a eficiência de herbicidas isolados é limitada. A recomendação técnica aponta para aplicações sequenciais e em misturas, com atenção à rotação de mecanismos de ação para evitar a seleção de novos casos de resistência. O controle deve ser feito antes do florescimento da planta para reduzir o banco de sementes no solo.
A principal recomendação aos agricultores é a adoção do manejo integrado como estratégia central. A abordagem inclui a identificação correta das espécies de buva, a rotação de herbicidas com diferentes modos de ação e a adoção de práticas culturais, como a cobertura do solo.