Tarifa dos EUA: Café do Brasil encontra alternativa na Rússia
Publicado em 01/09/2025 10h00

Tarifa dos EUA: Café do Brasil encontra alternativa na Rússia

Tarifas dos EUA desviam exportações do agro para o mercado interno, enquanto o setor de café encontra na Rússia uma alternativa para escoar a produção.
Por: Redação

As tarifas de importação de até 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto, geram impactos diretos no mercado interno. Alimentos como pescados, frutas e carnes são redirecionados para o consumo doméstico, o que aumenta a oferta e pressiona os preços para baixo no curto prazo. Especialistas apontam para o risco de retração na produção a médio prazo.

Rogério Marin, CEO da Tek Trade, analisa que o excedente de produtos perecíveis, como a tilápia e frutas, precisa ser escoado rapidamente. “A oferta interna elevada deve beneficiar o consumidor com preços mais baixos no curto prazo”, observa Marin. No entanto, ele alerta que a incapacidade de encontrar novos mercados pode forçar empresas a reduzir a produção, o que elevaria os preços no futuro.

Rússia como alternativa para o café

O setor de café, que exportou quase US$ 2 bilhões para os EUA em 2024, busca ativamente novos compradores. Neste cenário, a Rússia se destaca. Mesmo com o cenário de guerra e sanções financeiras, o país ampliou as compras de café brasileiro e já ocupa o oitavo lugar no ranking de importadores, com 732,3 mil sacas compradas de janeiro a julho, segundo o Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

O interesse se estende aos cafés especiais. Do total exportado à Rússia neste ano, 101.365 sacas foram de cafés com maior valor agregado, uma alta de 267% em relação ao mesmo período de 2024. Em agosto, um grupo de oito compradores russos visitou fazendas produtoras no Espírito Santo e em Rondônia para conhecer a produção de arábica e conilon.

Henrique Sloper, proprietário da Fazenda Camocim, uma das propriedades visitadas, afirma que os negócios com o mercado russo, interrompidos pela guerra, devem ser reativados. “Nosso relacionamento com a Rússia é antigo porque é um mercado que toma muito café. Hoje, é preciso fazer muita ginástica para mandar café para lá e outra ginástica maior para receber”, diz Sloper.

A trading BMP Farmers Coffee, que conecta produtores capixabas ao mercado externo, manteve as exportações para uma distribuidora de Moscou. “Os russos disseram que têm interesse em aumentar a distribuição dos cafés especiais brasileiros em seu país, sobretudo o conilon, considerado uma boa alternativa para as torrefadoras”, disse Luísa Lang, diretora de comunicação da Farmers.

Para produtores como Sloper, reativar os negócios com os russos é uma das saídas para substituir o mercado americano. Além da Rússia, o produtor afirma que outra opção é aumentar os negócios com o Japão, para onde viaja para participar da maior feira de café da Ásia.