Mesa redonda do 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio debateu as oportunidades e desafios da transição energética. Foto: Gerardo Lazzari
A necessidade de uma atuação mais efetiva e proativa do setor privado diante das mudanças na geopolítica global foi o tema central do 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA). O evento, realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e pela B3, reuniu cerca de 800 participantes em São Paulo e apontou para a formação de alianças como caminho para o futuro.
“Os setores privados de cada país precisam se relacionar uns com os outros e se sintonizar em objetivos comuns, interagindo e se aproximando para facilitar a lógica da diplomacia entre as nações”, explicou Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG. Segundo ele, como a geopolítica direciona o mundo, as agroalianças devem incluir a integração com a indústria para transformar plantas industriais em biorrefinarias, agregando valor ao processo agrícola.
Carvalho também lamentou o que chamou de perda de janelas de oportunidade por parte do país. “No campo da política, muitos países souberam aproveitar essas janelas, pois possuíam um projeto nacional. Infelizmente, o Brasil parece que perdeu a janela e agora estamos sofrendo”, afirmou.
A mesa redonda “Transição Energética”, moderada por Ingo Plöger, vice-presidente da ABAG, debateu as oportunidades e os desafios do tema. O Embaixador Alexandre Parola comentou sobre o esgotamento das fontes fósseis e a urgência da transição imposta pela mudança climática. "O Brasil tem 10 vezes mais reservas e produzimos 200 vezes menos e diante disso precisamos potencializar nossos recursos. Esse é nosso desafio", pontuou Parola.
William Vella Nozaki, conselheiro de Administração da Transpetro, mencionou que a demanda por energia é crescente, impulsionada agora pelo uso de Inteligência Artificial, que consome grandes volumes de água e energia. Ele revelou o planejamento da Petrobras, que observa o período de 2025 a 2040 como um caminho para os biocombustíveis, com maior eletrificação a partir de 2040.
Para Luís Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração da Copersucar, a urgência climática prejudica a produção de alimentos. “Acredito que tudo que é produtivo e eficiente precisa ser aproveitado. O carro movido a etanol hoje já é mais competitivo. Na minha visão não faz sentido pensar em uma única tecnologia para o mundo”, disse.
O deputado Federal Arnaldo Jardim lamentou a falta de um projeto nacional devido à polarização política. “Espero que isso emerja em um futuro cenário político, pois o projeto nacional já produz consenso e o primeiro deles é o agro, inovador e sustentável, que dialogue com a questão ambiental”, explicou.
Anelcindo Souza, vice-presidente de Marketing de Sementes da Corteva, mencionou que os biocombustíveis são elementos centrais para a companhia e que no Brasil estão sendo feitos novos experimentos em campo para encontrar soluções que suportem os extremos climáticos.a