Safra cheia nos EUA pressiona preços de grãos no Brasil
Publicado em 18/08/2025 11h17

Safra cheia nos EUA pressiona preços de grãos no Brasil

A safra recorde nos EUA e a valorização do real pressionam as cotações de soja e milho no Brasil, afetando a rentabilidade do produtor.
Por: Redação

O cenário para o agronegócio brasileiro é marcado pela forte pressão sobre os preços da soja e do milho, influenciado diretamente pela perspectiva de uma safra cheia nos Estados Unidos. O clima favorável no Meio-Oeste americano consolidou a expectativa de alta produtividade, o que tende a manter as cotações internacionais em patamares mais baixos.

Para a soja, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) fez revisões positivas para a qualidade das lavouras, indicando um potencial produtivo elevado. Este fator, somado à redução permanente de impostos de exportação na Argentina, de 33% para 26%, aumenta a competitividade do grão dos países vizinhos e limita o potencial de valorização para o produtor brasileiro.

No mercado de milho, a situação é semelhante. A projeção de uma safra americana próxima de 400 milhões de toneladas e a forte competitividade do cereal dos EUA prejudicam os embarques brasileiros. Para que o volume de exportação projetado de 42 milhões de toneladas no ano comercial seja atingido, será necessária uma aceleração significativa dos embarques a partir de agosto.

A comercialização da segunda safra de milho no Brasil segue em ritmo lento. Com 43% da produção negociada até o início de agosto, segundo a Safras & Mercado, o volume está abaixo dos 50% registrados na mesma época da safra passada. A hesitação do produtor em vender, aguardando melhores preços, resulta em armazéns lotados e até mesmo milho armazenado a céu aberto em Mato Grosso.

Algodão e Arroz

O avanço da colheita do algodão e a maior disponibilidade da pluma beneficiada pressionaram as cotações domésticas. Em Rondonópolis (MT), o preço cedeu 4% em julho. A colheita da safra 2024/25 alcançou 29,7% da área no Brasil, um ritmo mais lento em comparação com os 36,7% do mesmo período de 2024, conforme dados da Conab.

Para o arroz, a demanda interna mais firme e o avanço das exportações, especialmente para a Venezuela, impulsionaram uma leve recuperação nos preços no Rio Grande do Sul, que registraram alta de 2% em julho. Apesar disso, a queda acumulada no ano chega a 30%. A entrada da safra dos EUA entre agosto e setembro pode afetar a competitividade brasileira, especialmente nos mercados da América Central.

Proteínas e Outras Culturas

O setor de suínos vive um momento favorável. Os baixos custos da ração, principalmente do milho, garantem boas margens para produtores e agroindústrias. O crescimento da demanda externa, com diversificação de mercados como Japão e Coreia do Sul, tem absorvido o aumento da produção nacional.

No mercado de café, a colheita do arábica, indicada em 85% até o final de julho, aponta para um rendimento abaixo do esperado, o que sustenta os preços. A volatilidade, contudo, deve permanecer elevada. Para o açúcar, os preços seguem pressionados pelas boas perspectivas de recuperação da produção na Ásia, especialmente na Índia, que estima uma produção de 34,9 milhões de toneladas para a safra 2025/26.

O mercado de fertilizantes segue impactado por tensões geopolíticas. A ureia apresentou alta de 5,2% em julho, cotada a US$ 455 por tonelada nos portos brasileiros, enquanto o MAP e o KCl mostraram maior estabilidade.