MS quer ser Estado Carbono Neutro até 2030 com agro sustentável
Publicado em 31/07/2025 17h00

MS quer ser Estado Carbono Neutro até 2030 com agro sustentável

Mato Grosso do Sul aposta em ações estruturadas para alcançar neutralidade de carbono até 2030, com foco em agropecuária, energia e transporte.
Por: Redação

Mato Grosso do Sul avança na consolidação de políticas públicas que visam torná-lo um Estado Carbono Neutro até 2030. A meta envolve estratégias interligadas, como transição energética, descarbonização da agropecuária, recuperação de pastagens e incentivo à agricultura sustentável. O modelo vem sendo construído com base em dados, tecnologia e estímulo ao setor produtivo.

As diretrizes foram apresentadas nesta terça-feira (29) pelo secretário Jaime Verruck, da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), durante a abertura do Repronutri 2025 – 7º Simpósio de Reprodução, Produção e Nutrição de Bovinos, realizado em Campo Grande (MS).

“A pecuária do futuro será baseada em inovação tecnológica e práticas sustentáveis. Esse é o caminho para alcançar a neutralidade de carbono”, afirmou Verruck.

Agropecuária e mudanças no uso do solo

De acordo com a Semadesc, o setor agropecuário e as alterações no uso do solo respondem pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Estado. Para enfrentar esse cenário, mais de 5 milhões de hectares de pastagens degradadas já foram substituídos por áreas agrícolas, com melhor aproveitamento do solo e maior capacidade de fixação de carbono.

Entre as práticas sustentáveis incentivadas, destacam-se a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o uso de técnicas de manejo para acelerar o tempo de abate dos animais, reduzindo a emissão de metano entérico.

“Reduzir o tempo de abate é uma estratégia que contribui diretamente para diminuir as emissões do setor pecuário, sem comprometer a produtividade”, explicou o secretário.

O Estado também fomenta a adoção de genética avançada, suplementação estratégica e sistemas de confinamento otimizados para reduzir a permanência dos animais no campo.

Energia limpa e bioeconomia

O setor energético de Mato Grosso do Sul já opera com 94% de sua matriz baseada em fontes renováveis, como hidrelétricas e biomassa. A bioenergia, segundo Verruck, será ainda mais relevante na transição energética. O Estado já produz biometano a partir de resíduos orgânicos e dejetos da agroindústria, que deverá substituir gradualmente o uso de gás natural.

No transporte, identificado como principal gargalo para o cumprimento das metas de descarbonização, o Estado propõe três etapas: substituição inicial do diesel por gás natural; depois, substituição do gás por biometano; e, por fim, investimentos em malha ferroviária, reduzindo a dependência do modal rodoviário.

“A economia de MS está estruturada sobre o transporte rodoviário, que é intensivo em carbono. A descarbonização do setor exige planejamento logístico de médio e longo prazo”, avaliou o secretário.

Agricultura sustentável e controle do desmatamento

O Mato Grosso do Sul foi um dos primeiros Estados brasileiros a implantar programas de agricultura de baixo carbono, hoje rebatizada como agricultura sustentável. Essa política atua na redução do desmatamento, recuperação de áreas degradadas e disseminação de técnicas que aumentam a eficiência produtiva com menor impacto ambiental.

Dados da Semadesc mostram que o Estado lidera em área com ILPF implantada, e a expectativa é expandir o modelo com apoio técnico e incentivos a produtores que adotam boas práticas ambientais.

 

A meta do governo estadual é equilibrar emissões e sequestro de carbono até 2030, mantendo a competitividade da agropecuária sul-mato-grossense e inserindo o Estado nas cadeias internacionais que exigem certificações ambientais.