Mato Grosso do Sul avança no cenário internacional após obter o certificado de área livre de febre aftosa sem vacinação, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O reconhecimento, oficializado em maio, será utilizado como ferramenta estratégica na missão comercial liderada pelo governador Eduardo Riedel à Ásia, que inclui Japão, Índia e Singapura. A meta é fortalecer a presença da carne sul-mato-grossense nos mercados internacionais e ampliar a internacionalização das agroindústrias locais.
“Vamos explorar esses mercados e apoiar nossas empresas, especialmente nesse momento em que a situação com os Estados Unidos está indefinida. É mais uma razão para buscar alternativas internacionais”, afirmou Riedel, ao receber o certificado entregue pelo diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, e pelo secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Jaime Verruck, em Brasília, no fim de julho.
O novo status sanitário é resultado de duas décadas de trabalho e mais de R$ 250 milhões investidos na modernização da defesa sanitária animal do Estado. A estrutura inclui ações como a implementação do sistema eSaniagro, criação de uma Sala de Controle e Operações, renovação da frota de veículos e contratação de fiscais agropecuários. A mudança de paradigma, segundo o secretário Verruck, marca a substituição do modelo baseado na vacinação por um sistema de vigilância ativa e inteligência sanitária.
Com esse avanço, MS torna-se o primeiro grande Estado pecuário do Centro-Oeste a conquistar o status livre de aftosa sem vacinação, se equiparando a Santa Catarina, referência histórica nesse quesito. Isso amplia as chances de inserção em mercados que exigem padrões sanitários mais elevados, como Japão e Coreia do Sul, antes restritos à carne suína catarinense.
A certificação sanitária agrega valor à carne bovina e suína sul-mato-grossense. Em 2024, o Estado exportou US$ 1,278 bilhão em carne bovina. Apenas no primeiro quadrimestre de 2025, o valor já ultrapassou US$ 510 milhões, com destaque para China, Chile e EUA como principais destinos. O selo da OMSA deverá consolidar a posição do Estado nesses mercados e abrir novas portas na Ásia, região que lidera o consumo mundial de proteína animal.
A estratégia internacional da comitiva liderada por Riedel vai além das exportações. Durante a missão asiática, o governo de Mato Grosso do Sul também pretende buscar parcerias tecnológicas, cooperação científica e atração de investimentos em agroindustrialização. “A ideia é mostrar que MS está preparado para receber capital estrangeiro e expandir sua produção com base em segurança, rastreabilidade e sustentabilidade”, disse Jaime Verruck.
O certificado ainda traz implicações logísticas importantes. Com a unificação do status sanitário em todo o território brasileiro, o trânsito de animais entre Estados está liberado sem a necessidade de vacinação, o que reduz custos e amplia a competitividade. Segundo a Iagro, essa nova etapa exigirá ainda mais rigor na vigilância e rastreabilidade, com apoio contínuo de produtores rurais e do setor técnico.
