Encerrando os debates sobre a "Conta do boi" especilistas falaram sobre o mercado e gestão para o futuro da pecuária
A “Conta do Boi” seguiu como pauta central da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, realizada em Presidente Prudente (SP), entre 19 e 23 de novembro. Os debates do terceiro dia do evento foram em torno de dois importantes momentos para a pecuária: a terminação e a comercialização, a partir da análise dos mercados nacional e internacional.
O diretor de Mercado Corte da Semex Brasil, Daniel Carvalho, moderador dos painéis, comparou a fazenda a um organismo vivo, que demanda cuidado em todas as suas partes. “Seja pelas pessoas, pela pastagem, pela água ou pelo gado, a fazenda é viva e merece ser cuidada”, enfatizou, reforçando que a pecuária deve ser encarada com o mesmo profissionalismo que outros setores da economia, como a agricultura e a indústria, especialmente diante de decisões críticas em ciclos de alta ou baixa. “Somos líderes da cadeia produtiva e precisamos atuar como tal”, definiu.
O evidente destaque brasileiro no cenário global na comparação com países como China e Estados Unidos foi abordado na palestra “Brasil x Mundo e Seus Sistemas de Produção na Terminação”, pelo zootecnista e gerente Global da Cargill, Pedro Veiga. Ele apontou que, enquanto os EUA buscam inovação após atingir o limite produtivo e a China investe na profissionalização da pecuária, o Brasil tem grande potencial para suprir a crescente demanda mundial por carne.
Na palestra “Planejamento para a Terminação da Carcaça”, o pesquisador da APTA Colina/SP, Flavio Dutra destacou que o planejamento eficiente é decisivo, comparando a terminação a uma corrida com obstáculos, como o custo da arroba. Dutra defendeu maior integração na cadeia produtiva e buscou inspiração na previsibilidade da avicultura, na qual processos controlados garantem eficiência.
Encerrando o painel, o sócio da Cost@ Agroconfinamento, Tiago Costa reforçou a importância da gestão dentro da porteira. Ele ressaltou que definir objetivos claros e alinhar processos antes de iniciar a operação é essencial para garantir eficiência e retorno esperado.
Após três painéis debatendo a “conta do boi” nos ciclos produtivos da pecuária - cria, recria e engorda, os participantes da Feicorte acompanharam, na tarde desta quinta-feira (21/11), o último debate sobre o tema, que colocou em foco o mercado, discutindo os desafios e as oportunidades do setor pecuário.
O médico-veterinário e gerente-executivo de Relacionamento com Pecuaristas da Minerva Foods, Rostyner Costa destacou a importância de entender as necessidades do mercado para produzir de maneira eficaz. Segundo ele, o pecuarista deve ir além de suas preferências pessoais e compreender as exigências dos consumidores, tanto internos quanto externos. “O primeiro passo é analisar as demandas do mercado. Com essa visão, é possível produzir com excelência, garantindo eficiência e qualidade dentro da porteira”, afirmou.
De volta ao palco da Feicorte, o médico-veterinário e editor do informativo Notícias do Front, Rodrigo Albuquerque afirmou que a chave para um negócio saudável está no equilíbrio entre produtividade e lucratividade. "Dentro da porteira, é fundamental garantir uma boa produção e acompanhar as tendências do mercado, mesmo sem certezas. Para uma venda sustentável, é necessário utilizar ferramentas de proteção, como as 'travas', que garantem o preço, além de manter uma gestão eficiente na fazenda, que inclua o controle da produção e a análise de custos", explicou.
Por fim, o pecuarista João Paulo Teles enfatizou que alcançar um produto de alta qualidade vai além de aspectos superficiais como marmoreio e idade de abate. “A qualidade da carne é resultado de práticas interligadas dentro da porteira, que envolvem pilares fundamentais da verticalização, como planejamento estratégico, genética de fêmeas e manejo com animais próprios”, concluiu.
“Ao longo de quatro painéis, recebemos informações valiosas para compreender o momento atual do mercado. Nosso objetivo foi aprender sobre o estado da nossa produção, abrangendo todo o ciclo, desde a cria até a terminação. Ao final, conseguimos entender como construir a carcaça e nos preparar, olhando para o mercado externo e para os desafios futuros. Precisamos ter clareza sobre como agir a longo prazo”, finalizou Daniel Carvalho.