Pesquisadores da ACS Biomaterials Science & Engineering, vinculados à Sociedade Química Americana, estão avançando na produção de carne cultivada em laboratório, usando proteínas vegetais como base estrutural para células de músculo e gordura. Com o aumento da população mundial e a crescente demanda por proteínas, a carne cultivada, derivada de músculos e células de gordura produzidos em condições de laboratório, desponta como uma solução potencial para atender a essas necessidades de maneira mais sustentável.
Entre as descobertas recentes, destaca-se o uso de glúten de trigo, uma proteína não alergênica, como base para o crescimento de células musculares e adiposas. A pesquisa liderada por Ya Yao, John Yuen Jr., Chunmei Li, e David Kaplan demonstrou que o glúten pode formar camadas de músculo estriado e gordura, essenciais para imitar a textura da carne. As proteínas vegetais são consideradas uma escolha promissora para essas estruturas por serem abundantes, comestíveis e de baixo custo. Em testes iniciais, os pesquisadores usaram glúten para desenvolver filmes planos e com padrões de cristas, onde células de camundongo cresceram e formaram tecidos musculares com estrutura semelhante à das fibras musculares animais.
Além disso, o estudo incluiu o cultivo de células adiposas de camundongos em filmes de glúten, que geraram depósitos de lipídios e colágeno. Isso é crucial para reproduzir a composição de produtos cárneos tradicionais, pois a presença de gordura em estruturas tridimensionais é fundamental para replicar o sabor e a textura da carne convencional.
A pesquisa ainda está em estágio inicial, mas os resultados mostram que camadas de carne cultivada e gordura aderidas a películas comestíveis de glúten podem ser empilhadas para criar uma proteína alternativa com aparência, sabor e textura semelhantes aos da carne. Embora os filmes de glúten tenham apresentado um desempenho inferior em relação às bases de gelatina de origem animal, eles mostraram potencial suficiente para impulsionar a criação de alternativas viáveis e mais realistas no mercado de proteínas cultivadas.