Um estudo conduzido em parceria com pesquisadores do Fundecitrus e Embrapa Mandioca e Fruticultura, financiado pela Fapesp e Fundecitrus, foi publicado na tradicional revista Scientia Horticulturae. O trabalho, registrado no artigo “Topping sweet orange trees as Diaphorina citri bait on the farm edge for huanglongbing management: opportunities and limitations” (Poda de topo de laranjeiras-doces como isca para Diaphorina citri na borda da fazenda para manejo do greening: oportunidades e limitações), avaliou os efeitos da poda de topo em laranjeiras localizadas nas bordas do talhão como tentativa de atrair o psilídeo de áreas externas para esses locais e realizar o seu controle, reduzindo a sua dispersão para dentro do pomar. A poda estimula o surgimento dos brotos no topo das plantas, principal fonte de alimento e local de reprodução e desenvolvimento do psilídeo.
O estudo comparou, ao longo de três safras, parcelas de laranjeira-doce de diferentes variedades podadas apenas no topo, a cerca de 4 m de altura, e outras que não foram podadas. Nas bordas, foi possível identificar, por exemplo, que as árvores com podas no topo a cada 30/45 dias em ruas alternadas apresentaram duas vezes mais brotação em média que as árvores não podadas. Em algumas variedades, a quantidade de psilídeo foi 70% maior e a incidência cumulativa de greening 90% mais elevada quando comparadas com as plantas que não foram podadas. No entanto, devido a falhas no controle do psilídeo, a técnica foi incapaz de reduzir a dispersão do vetor e a disseminação da doença para o interior do talhão, que não recebeu poda no período, ao contrário do esperado inicialmente.
O pesquisador da Embrapa e um dos autores do artigo, Eduardo Girardi, avaliou como importante os resultados do estudo, porém chamou atenção para a necessidade de rigor no controle do inseto. “Ficou evidente em algumas variedades, como a Hamlin, que a poda de topo estimulou maior brotação, e esta é capaz de atrair mais o psilídeo. Porém, ao mesmo tempo, essa prática nas bordas eleva os riscos de alta população do inseto se não houver um controle muito bem feito utilizando inseticidas eficazes em rotação e frequência corretas”, explica.
O estudo observou, também, que a poda frequente de topo reduziu a produção das plantas e, por isso, essa prática nas bordas não deve ser recomendada sem muito cuidado com o manejo do vetor. “Se o manejo do inseto falhar, a infestação do inseto nas plantas com brotação intensa será maior e, consequentemente, o risco de aumentar a doença será muito grande”, complementa o pós-doutorando do Fundecitrus e coautor do estudo, Deived Cavalho. Também participam dos estudos os pesquisadores Camilla de Andrade Pacheco, Isabela Vescove Primiano, Daniela Kharfan, Alécio Souza Moreira, Francisco Ferraz Laranjeira e Renato Beozzo Bassanezi.