A Tether Holdings Ltd, conhecida como a emissora da stablecoin mais utilizada do mundo, o USDT, está considerando entrar no mercado de empréstimos para empresas de comércio de commodities. Esse movimento tem o potencial de transformar uma indústria tradicionalmente dependente de bancos convencionais para a obtenção de crédito. A Tether vem conversando com diversas empresas do setor, que enfrentam dificuldades em acessar financiamento, especialmente em um cenário global desafiador.
As reuniões da Tether com os comerciantes incluem discussões sobre como sua stablecoin pode ser utilizada não apenas para evitar o dólar em países sob sanções, como Venezuela e Rússia, mas também em transações de commodities mais tradicionais. A proposta é considerada atrativa, uma vez que o financiamento da Tether não estaria sujeito às rigorosas regulamentações que afetam os bancos tradicionais, o que poderia agilizar pagamentos e transações.
A empresa acredita que o crédito é essencial para empresas de comércio de commodities que movimentam grandes quantidades de petróleo, metais e alimentos. Enquanto gigantes do setor, como a Trafigura, possuem vastas linhas de crédito, os jogadores menores enfrentam barreiras significativas. A Tether, que relatou US$ 5,2 bilhões em lucros no primeiro semestre de 2024, possui capital suficiente para participar desse mercado em crescimento.
Com a guerra na Ucrânia exacerbando a dependência do setor de commodities em relação ao dólar, surgiu um incentivo para o uso de stablecoins como a USDT. Empresas como a estatal de petróleo da Venezuela e produtores de metais na Rússia já começaram a utilizar a stablecoin para facilitar transações internacionais. A Tether contratou uma equipe dedicada ao desenvolvimento de oportunidades de financiamento no comércio e enviou executivos a dois eventos do setor em setembro: um em Genebra e outro na LME Week em Londres. Sua divisão de investimentos, a Tether Investments, analisa centenas de propostas mensalmente, concentrando-se em áreas como infraestrutura financeira alternativa para mercados emergentes, inteligência artificial e biotecnologia.