As remunerações dos títulos do Tesouro vinculados à inflação (Tesouro IPCA/NTN-B) têm aumentado ao longo de 2024, conforme publicado por Thiago Gil, Managing Director na Cordiant Capital, em sua rede social LinkedIn. Esse aumento é influenciado pela expectativa de inflação futura, que pode ser analisada pela diferença entre a remuneração dos títulos pré-fixados e os atrelados à inflação de mesmo prazo. Essa tendência não apenas impacta a liquidez, mas também a demanda por títulos do agronegócio, como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), que têm remuneração atrelada ao IPCA.
Um gráfico apresentado por Gil compara a evolução da remuneração dos títulos do Tesouro atrelados à inflação (NTN-B 2026) com o prêmio sobre o IPCA das emissões de CRAs. Observa-se que, ao longo do tempo, ambas as remunerações seguem uma trajetória similar. O autor também calcula uma proxy do prêmio de risco de crédito, representada pela diferença entre os cupons dos CRAs e da NTN-B. Essa proxy, embora não ajuste por duration, indica que, com o aumento na remuneração das NTN-B, o prêmio de risco de crédito está se achatando.
Essa diminuição no prêmio de risco de crédito levanta questionamentos para os investidores: o benefício fiscal do CRA compensa o risco de crédito do setor, especialmente diante da redução da diferença de remuneração entre as emissões privadas e o Tesouro IPCA? Se a demanda por remunerações maiores para as emissões privadas aumentar, isso poderá significar um custo maior da dívida para as empresas do agro ou uma migração para indexadores como CDI+ ou dólar. Em um cenário de recuperação judicial (RJ) e risco de crédito elevado, essa discussão torna-se crucial para o financiamento do setor.