Os preços do milho no Brasil continuam em elevação, refletindo um cenário de retenção de oferta e desafios climáticos. Segundo a Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), a média de preços no Rio Grande do Sul atingiu R$ 60,75 por saco, com algumas das principais praças registrando valores ao redor de R$ 59,00. Em outras regiões, os preços oscilaram entre R$ 43,00 e R$ 63,00 por saco, enquanto nos portos de exportação, como em Santos (SP), o valor chegou a R$ 69,00 por saco.
Na B3, o milho encerrou o mês de setembro em alta, girando entre R$ 68,90 e R$ 70,52 por saco, acumulando um aumento de 8% em algumas posições, como no contrato de novembro de 2024. Essa valorização ocorre, em parte, devido à decisão de muitos produtores de segurarem a venda do milho da safrinha, aguardando preços ainda mais elevados, diante das dificuldades climáticas que afetam o plantio da safra de verão.
De acordo com dados da StoneX, a produção brasileira de milho na safra de verão 2024/25 deve atingir 24,9 milhões de toneladas. No Paraná, o plantio desta primeira safra chegou a 74% nesta semana, um atraso em relação aos 82% registrados no mesmo período do ano passado. O estado espera colher 2,6 milhões de toneladas de milho nesta safra de verão, sendo que a principal colheita de milho no Paraná vem da segunda safra, a "safrinha".
Segundo a CEEMA, o atraso no plantio também é observado em outras regiões do país, em parte devido ao clima seco, o que também pode impactar a semeadura da soja no Centro-Oeste. Como resultado, a expectativa é de um possível atraso no plantio da safrinha, o que traz incertezas para o mercado de milho nos próximos meses.
Apesar da alta nos preços internos, a exportação de milho apresentou uma queda. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) estimou que, em setembro, o volume exportado de milho tenha atingido 6,7 milhões de toneladas, 2,7 milhões a menos que no mesmo mês de 2023.
Já o relatório mais recente da Conab indica que o plantio da safra de verão no Brasil alcançou 21,6% da área projetada até o final de setembro, com 31,9% das áreas plantadas já em fase de emergência e o restante em estágio de desenvolvimento vegetativo.
Com os produtores segurando parte da oferta e as condições climáticas desafiando o plantio, o mercado de milho deve seguir aquecido, com impactos diretos no preço do grão, tanto no mercado interno quanto no de exportação. A expectativa é que as próximas semanas tragam definições mais claras para o setor, especialmente com a evolução do plantio da soja e o avanço das safras.