A conexão entre academia, mercado e poder público pode gerar bons frutos, como ideias de negócios inovadores. Um exemplo disso é a trajetória da startup Pantabio, idealizada por Thiago Calves Nunes, engenheiro agrônomo formado pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) na unidade de Aquidauana, onde atualmente também leciona.
O negócio desenvolve soluções de controle biológico específicas para as culturas de soja, milho e milheto, adaptadas às condições climáticas de Mato Grosso do Sul e inova ao desenvolver tecnologias para o setor agrícola. Um nicho de mercado identificado por Thiago ao cursar doutorado na Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Ilha Solteira, quando observou o fungo Trichoderma – um micro-organismo, presente no solo, benéfico para o controle de doenças em plantas. A partir disso, surgiu a Pantabio: uma startup dedicada ao controle biológico que utiliza esse tipo de fungo.
Para alavancar o negócio e identificar novos mercados, Thiago contou com o apoio do Sebrae/MS, por meio do Ecossistema de Inovação presente em Aquidauana, além de receber suporte do poder público através da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia (Fundect), e da UEMS.
Uma das ações recentes que trouxe grandes frutos ao empresário foi o “Desafio de Inovação” – uma maratona de ideias promovida pela Semadesc e Startup Sesi, durante o evento Pantanal Tech, em Aquidauana, realizado em junho deste ano. A iniciativa propôs que os participantes desenvolvessem soluções tecnológicas aplicáveis ao agronegócio, e outras áreas relevantes para a região do Pantanal, e a ideia apresentada por Thiago foi classificada entre as três melhores.
"Participamos do Desafio Pantanal Tech, onde conquistamos o terceiro lugar com uma ferramenta de inteligência artificial desenvolvida dentro da nossa startup. O Agrovision, nosso aplicativo, permitirá a identificação de doenças na soja via celular, simplificando o processo de diagnóstico. A partir daí, a Pantabio oferece recomendações sobre o que aplicar nas culturas”, esclareceu o empresário.
Com o aporte financeiro conquistado na premiação, a Pantabio expandiu as pesquisas e está otimista em lançar o produto. Em parceria com o Instituto de Pesquisa de Inteligência Artificial do Mato Grosso do Sul (IPI), serão organizados os dados que servirão de base para uma inteligência artificial detectar doenças nas plantas e indicar o tratamento. Antes da premiação, o desenvolvimento da startup já havia sido impulsionado por outros financiamentos obtidos através de programas de incentivo oferecidos pelo poder público.
O exemplo da Pantabio retrata a importância de um trabalho conjunto dos setores público e privado voltado a incentivar a transformação do conhecimento em iniciativas que tragam soluções inovadoras para o mercado. Segundo o conselheiro do Sebrae/MS e secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Semadesc, Ricardo Senna, a integração entre o Governo do Estado, academia e instituições como o Sebrae, tem disponibilizado acompanhamento e recursos para apoiar quem quer se desenvolver na área.
“Estamos concedendo mais do que um simples apoio inicial; é uma oportunidade concreta para que pesquisas possam se transformar em negócios de sucesso. Nosso objetivo é garantir que as ideias inovadoras tenham continuidade e não fiquem apenas na fase de projetos. É fundamental que continuemos a estimular a conexão entre pesquisadores e o mercado, promovendo o desenvolvimento contínuo de novas soluções e estabelecendo a tríplice hélice da inovação como política de estado,” destacou o conselheiro.
Uma das atuações de impacto para promover a integração entre os pesquisadores e o mercado é feita pelo Sebrae/MS e trata-se da consolidação de um Ecossistema Local de Inovação que conecta, em cada região, acadêmicos, empreendedores, instituições e poder público para a consolidação de um ambiente propício à inovação e desenvolvimento de novas ideias.
“O ambiente acadêmico é um berço de iniciativas inovadoras que não apenas avançam o conhecimento científico, mas também impulsionam o empreendedorismo e geram impacto econômico e social, por isso, a importância de conectar o grupo à representantes de outros segmentos. Com essa união, é possível pensar em soluções para desafios enfrentados no território em que estão inseridos, fomentando novos negócios, o crescimento das empresas já existentes e o desenvolvimento sustentável da cidade”, pontuou a analista-técnica do Sebrae/MS, Luciene Errobidart.
Por meio de ecossistemas de inovação, o Sebrae busca mediar escolhas, otimizar processos, engajar os setores e articular a conexão entre os atores. Existem atualmente 11 ecossistemas de inovação em Mato Grosso do Sul, nos municípios de Aquidauana, Campo Grande, Chapadão do Sul, Corumbá e Ladário, Dourados, Jardim, Maracaju, Naviraí, Nova Andradina, Ponta Porã e Três Lagoas.
“Nos ecossistemas, temos ações de sensibilização nas universidades e nas escolas com alunos do ensino médio. Realizamos maratonas de inovação junto com estudantes e comunidades, além de visitas técnicas para troca de conhecimento e inspiração. Contamos também com várias instituições que abrem editais de subvenção para projetos em fase de ideação”, esclareceu Luciene.
Para mais informações sobre as ações do Sebrae/MS junto aos ecossistemas de inovação entre em contato pela Central de Relacionamento, no número 0800 570 0800.