Décio Luiz Gazzoni destaca importantes aspectos relacionados às novas regulamentações da União Europeia, especialmente a EUDR (Deforestation-free Regulation), que proíbe a importação de produtos agrícolas provenientes de áreas desmatadas, independentemente da legalidade do desmatamento segundo o Código Florestal brasileiro. Ele é engenheiro-agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e da Academia Brasileira de Ciência Agronômica.
Gazzoni sugere que, para atender a essas normas, o Brasil precisará adotar práticas agrícolas mais sustentáveis, como aumentar a produtividade por área, utilizar a mesma área para múltiplas safras, reverter áreas degradadas e adotar sistemas de integração lavoura-pecuária.
Ele enfatiza que a redução da área necessária para pastagens, devido a melhorias na zootecnia e na qualidade das pastagens, pode evitar o desmatamento adicional. Dados dos Censos Agropecuários mostram uma diminuição das pastagens de 177,93 milhões de hectares em 1996 para 149,67 milhões de hectares em 2017, evidenciando que novas áreas para pastagens não são necessárias. Essas áreas liberadas podem ser imediatamente convertidas para lavouras sem desmatamento.
Além disso, o estudo coordenado pelo Dr. Edson Luiz Bolfe da Embrapa Agricultura Digital revela que existem aproximadamente 28 milhões de hectares de pastagens degradadas com potencial para cultivo agrícola. O plano ABC+ visa reincorporar 30 milhões de hectares de pastagens degradadas à agricultura, evitando emissões significativas de CO2. O estudo exclui áreas de conservação e prioriza locais com infraestrutura adequada.
Gazzoni conclui que o agricultor brasileiro está bem posicionado para cumprir as normas europeias, apesar das diferenças entre as legislações florestais. Ele lembra que o Brasil preserva mais de 60% de suas matas nativas, mas isso não é considerado pelas novas regulamentações da UE.