Na 64ª reunião de cúpula do Mercosul em Assunção, o destaque foi a adesão plena da Bolívia ao bloco. O presidente boliviano, Luis Arce, entregou a ata de ratificação, e a Bolívia se tornará membro pleno em 30 dias, com até quatro anos para se adaptar às regras comerciais. A adesão trará benefícios ao Mercosul, como acesso a minérios (lítio e gás) e insumos para fertilizantes (Potássio, fosfato e Ureia). Além disso, a Bolívia abre um novo mercado consumidor para produtos brasileiros de valor agregado.
“O Mercosul deve promover maior diálogo entre seus governos, colaborando à estabilidade política na Bolívia. Isto porque existe um compromisso democrático no Mercosul, estabelecido pelo Protocolo de Ushuaia, que enfatiza também a importância de resolver conflitos através de mecanismos democráticos e pacíficos. Portanto, reforça-se a importância estabilidade para a integração regional à despeito das divergências que possam surgir entre governos”, afirma Regiane Nitsch Bressan, professora do Programa Interinstitucional (UNESP, UNICAMP e PUC-SP) de Pós-graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas.
O Mercosul está avançando com acordos de livre comércio. O chanceler uruguaio, Omar Paganini, destacou a importância do Paraguai por abrir negociações com os Emirados Árabes Unidos. Na transferência da presidência pro-tempore do Paraguai para o Uruguai, Paganini anunciou que o foco será em integração e novas oportunidades. A Cúpula também viu a assinatura de um convênio entre o bloco e o Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata) para complementação financeira e técnica.
“Voltando à importância da adesão da Bolívia no Mercosul, é possível destacar alguns pontos. Primeiro, permitirá ao Brasil gerenciar melhor as questões fronteiriças, promovendo a segurança e a estabilidade na região. Segundo a adesão boliviana irá consolidar o comércio regional, contribuindo para um ambiente econômico previsível, ampliando oportunidades. Terceiro, o acesso facilitado aos recursos minerais da Bolívia e a possibilidade de acesso à rota bioceânica, que conecta o Atlântico ao Pacífico, são vantagens estratégicas para todos os países membros. Quarto, a participação da Bolívia nos fóruns da integração, possibilitará negociações mais eficazes”, conclui.
