Os níveis inéditos de preços por todo o Brasil garantem boa remuneração aos produtores, até por coincidirem com quedas nas cotações de insumos como soja e milho, entretanto ficam algumas perguntas.
É o fim do ciclo de altas? Os níveis de preço se manterão? É hora de aumentar o alojamento? Estas e outras indagações, certamente, rondam a cabeça dos suinocultores e integrantes de outros elos da suinocultura, como frigoríficos, varejistas, consumidores, etc. Pois alguns elementos podem ajudar a responder ou, ao menos, indicar as maiores possibilidades para os próximos meses, se novos fatores não interferirem no mercado.
Por ora, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, orienta os suinocultores a aproveitar o momento para repor perdas dos últimos anos e investir em tecnologia e eficiência em suas produções. “Os preços têm limite, pois o consumidor acaba procurando alternativas, mesmo com altas também nas outras proteínas. O mercado deve achar um ponto de equilíbrio para manter preço e consumo. Com os elementos atuais, acredito em tranquilidade para 2015”, avalia.
Lopes também lembrou do importante papel das exportações para elevação dos preços a estes patamares. Segundo ele, o mercado externo tem remunerado ainda melhor a carne suína, mas importantes destinos, como a Rússia (que responde por cerca de 40% dos embarques da proteína), são historicamente instáveis. “Assim, sempre recomendo cautela para aumentar o alojamento, pois o mercado pode ser outro daqui a alguns meses”, completa.
Já o presidente da Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS), Valdomiro Ferreira Júnior, enumera os elementos que indicam para a possibilidade de novas altas em curto prazo. “Temos vários fatores como os preços internacionais ainda cerca de 40% mais altos, a valorização da carne bovina acima da suína e oferta ajustada a demanda”, enumera.
Ferreira detalhou que a cotação paga pelo quilo do animal abatido – carcaça – a está a R$ 10,58 para exportação e R$ 7,50 no mercado interno, bem como a relação de preço entre suínos e bovinos (hoje em 74%) poderia chegar a 80%. “Percebemos margem para novos aumentos até o final do ano. Já em 2015, a continuidade depende da questão cambial, níveis de alojamento e os resultados da economia brasileira”, cita.
Já o diretor do Frigorífico Santa Rosa, Pedro Gabone, já percebe alguns sinais de que a valorização da suína se aproxima do limite. A unidade, situada em Leme, no interior de São Paulo, já tem dificuldades em repassar os aumentos para alguns tipos de cortes bem como para embutidos.
“O pior, para o frigorífico, é a parte de cortes e embutidos, sobre os quais não temos conseguido o repasse dos preços. O motivo é que o repasse para o varejo demora um pouco para se completar. Com certeza, a comercialização já está sentindo. Acredito que ainda podem acontecer novos aumentos até porque o preço da exportação não oferece sustentação”, comenta.
Gabone também é suinocultor e destaca que, apesar da valorização do produto, o consumidor brasileiro ainda encontra-se em vantagem em relação a população de outros países. “Os valores para exportação estão até 45% mais altos do que o suinocultor brasileiro está vendendo aqui. Isso é muito positivo para a população e só é possível pois produzimos grãos e suínos. A carne aqui continua mais barata que na maioria dos países”, completa.