O ativo florestal brasileiro, caracterizado pelo plantio de árvores com a finalidade de destiná-las para a indústria, tem atraído investidores internacionais. Especialistas apontam que a procura é consequência de fatores como condições climáticas presentes no território nacional e a relevância da atividade para a economia global, tendo em vista que o setor florestal contribui com mais de R$1,52 trilhões de dólares com o Produto Interno Bruto mundial, de acordo com o levantamento “Estado das Florestas no Mundo 2022 (State of the World Forests – SOFO 2022)”, feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
O setor de árvores cultivadas alcançou a maior contribuição em 11 anos com o Produto Interno Bruto (PIB) nacional, de 1,3%, no ano de 2022, segundo a pesquisa mais recente feita pela Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). Com o crescimento da atividade, a silvicultura brasileira está na mira de investidores de países como a Rússia, Austrália, Panamá e África, que escolheram Minas Gerais para investir e para obter lucros a longo prazo.
O Instituto Brasileiro de Florestas (IBF), que mantém um Polo Florestal de Mogno Africano em Pompéu com a extensão de 4.400 hectares, no interior do estado, recebe investimentos estrangeiros há cerca de 4 anos. Segundo o gerente comercial, Gilberto Capeloto, a escolha do território brasileiro para a atividade se deve, principalmente, às características do solo, clima e localização onde a floresta é plantada, “O mogno africano é uma espécie que ocorre em regiões savânicas e não apresenta resistência a geadas severas, ou seja, o clima muito frio não é o ideal para ele. Pompéu possui clima, relevo e solo favoráveis. Outro ponto facilitador da logística é a proximidade do Polo e pontos de escoamento da madeira. Essas questões atreladas ao fato de que a terras já estão desenvolvidas e agricultáveis chamam a atenção daqueles que desejam investir, porque a madeira será melhor e terá mais valor ao final de seu ciclo”.
Além das condições ideais para obtenção da madeira, há outro pilar que sustenta essa modalidade de investimento, que é a demanda. O relatório da FAO detalha sobre a previsão de que o consumo de recursos naturais deve duplicar até 2050, tendo em vista o aumento populacional previsto para os próximos anos. Porém, para tornar viável o fornecimento de materiais é preciso, segundo o estudo, que o mundo todo adote iniciativas mais equilibradas, em conformidade com o meio ambiente, entre elas a utilização sustentável das florestas e construção de cadeias de valor verde.
Isso significa que a produção sustentável de madeira, sem desmatar áreas nativas, está cada vez mais na mira de investidores, levando em conta os rumos que a economia tem tomado. O Brasil é destaque, e alcançou uma receita bruta de R$260 bilhões no ramo de árvores plantadas, de acordo com o IBÁ, em 2022. O ipê é um exemplo de árvore com destaque no mercado internacional, que registra grandes exportações pelo Brasil, sendo que sua madeira pode ser utilizada para fabricação de móveis finos e pisos. A madeira dura tropical serrada de Ipê exportada com valor agregado entre 2013 a 2023 teve um crescimento médio de 104,31%. Em janeiro deste ano, o valor do material apresentou aumento de 20% no preço no mercado nacional. Para Renata Brito, economista, contadora e diretora executiva do IBF, o Mogno Africano também é uma tendência, “Com o cultivo, movimentamos R$ 25 milhões ao ano em Minas Gerais, além dos investidores internacionais que injetam dinheiro no Brasil, temos, principalmente, pessoas de São Paulo, do Paraná e do nosso estado, sendo que todos eles têm um aspecto em comum, que é o interesse pelo lucro a longo prazo”.
Segundo o IBF, a cada 6 hectares é possível obter lucro estimado em mais de R$10 milhões ao final do ciclo da floresta, que é completado entre 17 e 20 anos. Há investidores que apostam na atividade como forma de aposentadoria, e até mesmo na proteção do patrimônio, tendo em vista que o valor aplicado será multiplicado com a venda da madeira.