Publicado em 22/04/2024 16h35

Combate à fome é trabalho conjunto

“A gente ainda tem pouca capacidade de trabalhar em conjunto".
Por: Leonardo Gottems


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billy cedeno por 
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Mariangela Hungria, renomada cientista brasileira especializada em bioisomos na soja, ficou incomodada durante um evento do agronegócio em 2022 ao ouvir a opinião de um participante de que o setor agrícola não poderia resolver o problema da fome no Brasil, destacando apenas suas contribuições para recordes de safra e geração de empregos. Esse descontentamento levou Hungria a liderar uma equipe de 41 cientistas de 23 instituições brasileiras para demonstrar como diversas áreas da ciência podem colaborar para combater a fome no país.

“Fiquei com aquilo na cabeça e falei: eu vou estudar isso, porque não é possível que nós, do agronegócio, não podemos fazer nada para a sociedade acabar com esse problema”, afirmou durante evento de lançamento do livro Segurança “Alimentar e Nutricional: O Papel da Ciência Brasileira no Combate à Fome", nesta quinta-feira (18), em São Paulo, na Sede da Fundação Bunge. “Coloquei o desafio para que cada um dos 19 capítulos do livro terminasse com propostas efetivas para erradicarmos esse problema. É um plano de governo pronto, para qualquer representante do executivo”, afirma.

Cláudia Calais, da Fundação Bunge, e Helena Nader, presidente da ABC, ressaltaram a complexidade da fome como um problema e a importância da colaboração entre diferentes setores da sociedade para enfrentá-la. Calais destacou a necessidade de reunir ciência, setor produtivo e terceiro setor para encontrar soluções conjuntas, enquanto Nader enfatizou a importância dos investimentos em educação e ciência. Ambas destacaram a urgência de ações coordenadas para alcançar o objetivo de "fome zero e agricultura sustentável" da Agenda 2030 da ONU.

“A gente ainda tem pouca capacidade de trabalhar em conjunto, fazer o que estamos fazendo aqui hoje, reunindo ciência, setor produtivo e terceiro setor para discutir um único tema. Problemas complexos exigem soluções complexas e elas necessariamente precisam do envolvimento de mais de um. Nós, do terceiro setor, aprendemos a fazer isso muito cedo e acho que está na hora de termos isso também com os outros setores, de sentarmos juntos”, disse Calais.