Publicado em 30/03/2024 16h11

Panorama africano de cacau preocupa

Enquanto isso, a demanda global por chocolate e produtos relacionados continua a crescer.
Por: Leonardo Gottems

A dependência mundial do cacau proveniente da África Ocidental está enfrentando uma crise sem precedentes, com a escassez quase levando ao encerramento de fábricas de processamento na Costa do Marfim e no Gana, os dois maiores produtores mundiais, responsáveis por mais de 60% da produção global.

Os fatores ambientais desempenham um papel significativo, com o fenômeno climático El Niño provocando um clima mais seco na região, exacerbando doenças como o vírus dos brotos inchados, resultando em perdas substanciais de colheitas, especialmente no Gana, onde quase meio milhão de hectares de terra foram afetados nos últimos anos.

Além disso, os ciclos econômicos da produção de cacau apresentam desafios, com os cacaueiros envelhecendo e se tornando mais suscetíveis a doenças, exigindo custos crescentes de manutenção. Isso historicamente levou os agricultores a abandonarem antigas plantações em busca de novas terras, uma prática que se torna cada vez mais difícil devido à escassez de áreas disponíveis. A falta de uma compensação justa para a produção sustentável de cacau também agrava a situação.

Por fim, desafios humanos, como a mineração ilegal, estão prejudicando a qualidade do solo e a viabilidade das terras agrícolas, tornando-as inadequadas para o cultivo de cacau. No Gana, por exemplo, muitos agricultores estão sendo tentados a alugar suas terras para mineradores ilegais em busca de ganhos imediatos, comprometendo assim a produção futura de cacau.

Enquanto isso, a demanda global por chocolate e produtos relacionados continua a crescer, com um aumento previsto de mais de 4% ao ano nos próximos anos. Essa crescente demanda destaca a urgência de abordar os problemas interconectados que afetam a sustentabilidade da indústria do cacau.

Em face dessa crise iminente, ações urgentes são necessárias para garantir não apenas a sobrevivência das fábricas de processamento na África Ocidental, mas também para proteger os meios de subsistência dos agricultores locais e manter um suprimento estável de cacau para o mercado global de chocolate.

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