A taxa de mortalidade na suinocultura pode ser extremamente elevada nos três primeiros dias após o nascimento de leitões. Larissa Rodrigues Silva, médica-veterinária pelo Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam), destaca que “algumas causas explicam esse risco, como baixa viabilidade dos leitões ao nascer, inanição e esmagamento. Por isso, para manutenção e sobrevivência dos animais, a devida assistência no parto é indispensável”. Larissa é assistente técnica nacional da Auster Nutrição Animal.
Outros problemas que afetam os leitões recém-nascidos são os níveis muito baixos de reservas energéticas, além de possuírem aproximadamente 1 a 2% de gordura corporal, não deterem gordura marrom e serem praticamente desprovidos de gordura corporal subcutânea, necessitando de ambiente e temperatura adequados para enfrentar essa fase.
Larissa reforça a importância do cuidado com a manutenção da temperatura. “Ao nascer, se torna ideal a oferta de alguma fonte de aquecimento (em torno de 32 a 34ºC) aos leitões, para evitar que os recém-nascidos utilizem suas baixas reservas energéticas para produzir calor em busca da sobrevivência – o que poderia ocasionar uma diminuição no vigor e nas mamadas de colostro e leite, gerando hipoglicemia e elevando drasticamente as chances de mortalidade”.
A ingestão de colostro é determinante para que os animais alcancem a sobrevivência, porque a produção de calor corporal está diretamente relacionada a esse fator, já que os leitões nascem imunologicamente desprotegidos. Quem fornece esse material é a fêmea suína, que possui uma placenta do tipo epiteliocorial difusa, impedindo a passagem de algumas moléculas e de anticorpos na fase intrauterina. E essa imunidade é adquirida através do colostro (imunidade passiva).
Além de colaborar com a gestão da temperatura corporal, o colostro fornece aos animais: imunoglobulinas, células de defesa e energia altamente digestível. “É por isso que devemos garantir que todos os leitões consigam mamar o mais rápido possível o colostro após o nascimento. O manejo da mamada revezada pode ser uma prática interessante, principalmente com leitegadas numerosas, onde aplica-se o manejo de marcar ou numerar os leitões ao nascimento e a realização do revezamento em grupos, assim, pode-se garantir a ingestão de maneira mais assertiva”, exemplifica a assistente da Auster.
A absorção máxima de imunoglobulinas ocorre de 4 a 12 horas após a primeira mamada, declinando rapidamente após esse período, por isso, deve-se evitar a movimentação de troca de leitegadas nessa fase, além de ter um cuidado especial com leitões de menor viabilidade que apresentam redução no vigor e acabam consumindo menor quantidade de colostro.
Por fim, é importante ressaltar a atenção não só à ambiência dos leitões, mas também a das fêmeas na maternidade. Enquanto os leitões precisam de um maior aquecimento nesse período, a zona de conforto delas gira em torno de 18 a 22ºC, e fêmeas em estresse térmico poderão diminuir o consumo de ração e a produção de leite. Por isso, um olhar atento para a fêmea suína, com objetivo de encontrar um ambiente adequado e priorizar sua saúde e boa nutrição, também reflete no desempenho e qualidade do leitão no período de lactação.