A China emergiu como um protagonista crucial no mercado internacional, influenciando setores como agricultura e economia em geral. A interdependência Brasil-China destaca-se, seja no mercado de grãos ou carnes. Um exemplo é a peste suína no Leste europeu, afetando a Rússia e se espalhando pela Ásia.
Na China, a redução de 45% do rebanho suíno resultou na busca internacional por carnes, impulsionando os preços. Simultaneamente, a China reconstruiu seu rebanho com alta tecnologia, impactando o mercado de grãos, especialmente soja e milho, com aumento de preços e cotações favoráveis.
“Examinando o médio prazo, vislumbra-se duas variáveis diretrizes muito importantes: a segurança dos alimentos e a temática socioambiental. Desnecessário justificar a importância da segurança dos alimentos, mas na temática ambiental e social entendemos que se trata de antecipação de metas em uma agenda que já estava implantada”, afirma Décio Luiz Gazzoni, Engenheiro Agrônomo e pesquisador da Embrapa soja.
“A questão ambiental tangencia a segurança dos alimentos (biológica, química e física) e a temática social ficou exposta na pandemia: a desigualdade social, seja ela dentro de um país, ou entre países e continentes, expõe todos a uma elevação do risco de qualquer perigo que envolva questões sanitárias. Seguramente será parte das preocupações da sociedade, expressa nas certificações dos produtos agrícolas e em exigências comerciais de países ou blocos”, completa o membro do Conselho Científico Agro Sustentável e da Academia Brasileira de Ciência Agronômica.
A China desempenha um papel significativo no cenário global, com projeções de crescimento econômico, aumento de reservas internacionais e participação no mercado global. O aumento da renda per capita e inclusão social impulsionará o consumo, especialmente de produtos agrícolas. O dinamismo no mercado de carnes influenciará o de grãos, enquanto a China busca se tornar o principal produtor global de frangos.
Espera-se maior rigor em segurança alimentar, rastreabilidade e certificação. Questões como sustentabilidade e redução da desigualdade social impactarão o mercado internacional de produtos agrícolas. Antecipa-se um cenário futuro com mudanças estruturais no agronegócio, com implicações a curto e longo prazo.