O início do plantio da safra de soja 2023/24 está marcado por uma série de desafios e oportunidades que não podem ser ignorados. Enquanto o Brasil se prepara para mais uma temporada de cultivo recorde, os países vizinhos da América Latina, com um foco especial na Argentina, a produção preocupa e pode gerar impactos no mercado global de grãos. Os agricultores argentinos, conhecidos por sua produção da oleaginosa de alta qualidade, enfrentaram um grande desafio durante a safra anterior: a seca. Os efeitos dessa adversidade climática na produção do país foram profundos.
Durante a safra 2022/23, a Argentina testemunhou uma queda acentuada no rendimento da soja. De acordo com dados da agtech SIMA - Sistema Integrado de Monitoramento Agrícola, a média de rendimento dos produtores locais foi de 2.000 kg/ha, uma redução expressiva de 46% em relação ao ciclo anterior. “Essa redução é um reflexo direto dos efeitos adversos da seca que assolou muitas regiões agrícolas no país”, pontuou Maurício Varela, engenheiro agrônomo e Co Founder da Agtech.
Em particular, a soja de primeira safra teve um impacto ainda mais significativo, com uma redução de 47% no rendimento do ano anterior. A região que mais sofreu com essa diminuição foi o Centro Norte de Córdoba, onde a produtividade caiu incríveis 62%. O Norte da La Pampa e o Oeste de Buenos Aires foram os locais menos afetados, onde o rendimento foi 44% menor em comparação com a temporada anterior.
Segundo Varela, é importante ressaltar que os dados apresentados refletem uma média dos usuários da empresa no país, os quais possuem um perfil produtivo com alta incorporação de tecnologia nos cultivos. “Esses valores não devem ser interpretados como uma representação absoluta de toda a realidade da Argentina, mas sim como um retrato fiel de uma amostra significativa. Salienta-se que a SIMA abrange mais de 45% de todo o território agrícola do país”, diz o engenheiro agrônomo.
Os impactos da queda na produção de soja argentina não se limitam apenas às fronteiras do país, que é um dos principais exportadores mundiais do grão, e seus produtos agrícolas são importantes no abastecimento global de alimentos e na estabilidade dos preços internacionais. No entanto, a redução drástica na produção levou a uma diminuição nas exportações do mesmo. Isso, por sua vez, teve um impacto nos mercados globais, criando incertezas no fornecimento para muitos países importadores.
O Brasil, uma potência agrícola mundial, há muito tempo exerce um papel de destaque na produção de soja, sendo neste cenário uma peça-chave no suprimento a nível internacional. A safra brasileira da oleaginosa tem crescido consistentemente nas últimas décadas, impulsionada por avanços tecnológicos, expansão das áreas cultivadas e práticas agrícolas modernas, tornando-se um dos principais exportadores desse grão.
Em 2023, o Brasil emergiu como um dos principais atores a influenciar as dinâmicas globais de embarque de soja. Isso ocorreu em parte devido aos desafios enfrentados por outros grandes países exportadores, como a própria Argentina e a Ucrânia. A nova safra brasileira que se inicia é aguardada com grande expectativa. Apesar dos desafios que se apresentam aos agricultores, como a instabilidade na precificação e os crescentes custos de produção, há uma perspectiva de que a produtividade continue a crescer, contribuindo para equilibrar os custos e garantir a rentabilidade.
A agricultura é uma atividade intrinsecamente dependente das condições climáticas. Os agricultores enfrentam desafios constantes relacionados ao clima, que podem variar de secas prolongadas e escassez de água a inundações súbitas e variações extremas de temperatura. Em meio a esses desafios, as tecnologias de monitoramento digital surgem como uma ferramenta fundamental para auxiliar os agricultores a enfrentar estas adversidades e otimizar suas práticas agrícolas, diminuindo riscos.
Uma das contribuições mais valiosas das tecnologias de monitoramento digital é a capacidade de fornecer informações em tempo real sobre as condições da lavoura. Essas informações são fundamentais, pois permitem o monitoramento das áreas de cultivo de maneira contínua. Em cenários de seca, por exemplo, o monitoramento frequente pode auxiliar na tomada de decisões mais assertivas. “Outro benefício das tecnologias de monitoramento digital é a capacidade de otimizar o uso de recursos agrícolas. Os dados fornecidos permitem que os agricultores ajam de maneira mais eficiente, reduzindo o desperdício e os custos operacionais”, reforça o Co Founder da SIMA.
Neste cenário, a agtech desempenha um papel fundamental, oferecendo soluções de monitoramento digital que permitem aos agricultores acessar os dados em relatórios em tempo real e tomar decisões assertivas. A plataforma não apenas facilita a gestão, mas também permite que os agricultores coletem, armazenem e analisem dados agrícolas de maneira eficiente. “Desta forma, os produtores podem tomar decisões informadas, otimizar suas práticas agrícolas e, o mais importante, mitigar riscos, garantindo assim a sustentabilidade e a prosperidade de suas operações agrícolas”, finaliza Varela.