Publicado em 20/09/2023 09h50

El Niño deve aumentar pressão causada por pragas e doenças na safra atual

Fenômeno climático afetará o plantio e especialistas orientam agricultores a adotar manejo eficaz dos cultivos
Por: Viviane Passerini

El Niño. A ação desse fenômeno climático predominará na safra agrícola 2023/2024, cujo plantio se aproxima, e pode trazer consigo grandes desafios fitossanitários para os agricultores das diversas regiões do país. A expectativa é que haja irregularidade nos períodos de chuva e registro de temperaturas mais altas, gerando com isso o ambiente propício para a maior presença de insetos e fungos que prejudicam as lavouras.

Leandro Valerim, engenheiro agrônomo, mestre pela Universidade de São Paulo (USP) e gerente de inseticidas da UPL Brasil, explica: "Com El Niño, as regiões Norte e Nordeste do Brasil tendem a experimentar aumento nas chuvas. Por outro lado, partes do Sul e Sudeste enfrentam estiagens mais severas e temperaturas mais altas, afetando negativamente a produção agrícola nessas áreas".

Essa variação climática pode aumentar a pressão causada por insetos, como os percevejos e a mosca-branca. Essas pragas sugadoras têm potencial para gerar perdas superiores a 30% no cultivo de soja, por exemplo, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O problema, entretanto, não se resume a essa cultura, podendo afetar milho, algodão e feijão, assim como as diversas variedades de hortaliças, legumes e frutas.

Marcelo Figueira, gerente de fungicidas da UPL Brasil, complementa: "Com o fenômeno El Niño atuando fortemente nessa Safra (23/24), fica evidente a alteração dos padrões climáticos, e consequentemente a intensidade e volume das chuvas, aumento da temperatura e alterações abruptas na umidade relativa do ar, como relatam pesquisadores do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e da EMBRAPA. Em anos de El Niño, diferentemente dos anos que ocorrem a La Niña, os padrões pluviométricos se alteram, provocando mais chuvas em determinadas áreas, como no Sul do país, e também aumento da temperatura. Já no Norte e Nordeste a tendência é de seca mais severa, e no Centro-Oeste e Sudeste ocorre o aumento das temperaturas médias e irregularidade das chuvas."

Ele ainda reforça que com todas essas alterações climáticas, pode-se ter ainda um bom aproveitamento para se obter uma boa produtividade da soja, porém, esse cenário requer mais atenção e planejamento por parte do produtor, porque com a intensidade de chuvas e altas temperaturas o complexo de doenças da soja, liderado por patógenos como a Ferrugem Asiática, Mancha Alvo e Doenças de Final de Ciclo, também encontram um ambiente favorável para seu desenvolvimento, causando uma pressão de doenças mais intensa, que podem causar perdas de até 80% na lavoura.

Para evitar prejuízos econômicos e manter a alta produtividade, os especialistas sugerem o investimento em tecnologias eficazes contra insetos e fungos. Soluções sustentáveis e com eficácia comprovada diferenciam-se no mercado. A segurança de eficácia no manejo fitossanitário é a melhor opção para enfrentar os desafios impostos por fenômenos como El Niño.