Uma “fatia de dois dígitos” do mercado brasileiro de defensivos agrícolas - essa é a meta da empresa de origem israelense ADAMA. Em recente visita ao Brasil, novo CEO da companhia, Steve Hawkins, afirmou que está “otimista com as perspectivas no país”.
“Eu sempre tive uma impressão positiva da agricultura brasileira, mas fiquei impressionado com o avanço que vi em relação à última vez em que aqui estive, há sete anos”, declarou. O principal executivo da ADAMA avalia que 2023 deve ser um ano de volatilidade no mercado global, mas está otimista.
“A amplitude de portfólio permite que se tenha mais ferramentas para atendermos diferentes necessidades agronômicas”, mencionou ele. O Brasil é a principal operação da Adama na América Latina, região que respondeu por 29% das vendas globais da companhia no ano passado, quando somaram USD 5,6 bilhões.
O país está entre os cinco principais mercados da empresa, junto com China, Índia, Austrália e Estados Unidos. Em dezembro, a companhia inaugurou uma nova unidade com um investimento de R$ 300 milhões, com a meta de colocar no mercado ao menos cinco novos fungicidas nos próximos anos.
“Investimos muito no Brasil, principalmente em produção. E colocamos mais pessoas no campo para fazer um acompanhamento próximo dos agricultores”, disse Romeu Stanguerlin, CEO da ADAMA Brasil.
De acordo com Hawking, o mercado de pesticidas atravessa problemas na logística internacional que afetaram a indústria, e o quadro de oferta e demanda segue instável, com a guerra entre Rússia e Ucrânia ainda em curso.
“É um ano de muita volatilidade, e os preços devem aumentar. Precisamos encontrar um equilíbrio no fornecimento, enquanto vemos um alto nível de demanda dos agricultores. Há risco de um desequilíbrio diferente entre oferta e demanda, o que significa que o produto correto pode não estar disponível na hora certa e no lugar certo”, disse.
Em 2022, os herbicidas responderam por 45% da receita global da empresa, seguidos pelos inseticidas (27%) e pelos fungicidas (19%). Segundo Hawking, a Adama está desenvolvendo uma estratégia em produtos biológicos, segmento que vem crescendo.
“É uma área muito fragmentada. Então, queremos ter uma posição baseada na necessidade do agricultor. É mercado a mercado, mas queremos uma abordagem bem avaliada, porque acreditamos ainda ser fortes nos produtos sintéticos”, completou.
No Brasil, onde já havia estado algumas vezes, Hawkins esteve por seis dias e, agora como CEO, se encontrou com alguns clientes e parceiros. Também esteve com a equipe executiva da ADAMA no estado brasileiro do Paraná, onde fica a sede da empresa, discutindo os desafios do mercado brasileiro.
O CEO visitou ainda ensaios conduzidos na estação experimental de pesquisa da ADAMA, também no Paraná. “A ADAMA lançou uma nova estratégia global há 18 meses e vi ganhar vida aqui o seu primeiro pilar, o de ser inspirado nos agricultores e estar próximo dos canais. Nós escutamos os agricultores e nossos parceiros. E eu gostei do que vi no que diz respeito aos relacionamentos. Somos um fornecedor de tecnologia e, se estamos fornecendo a tecnologia certa, isso faz com que as pessoas queiram trabalhar com essa demanda. Foi isso o que constatei”, avaliou Hawkins.
Segundo o CEO, o modelo brasileiro, que considera único, envolve fabricação de princípios ativos, formulação, organização comercial, pesquisa e desenvolvimento de produtos, um negócio completo para entregar as melhores soluções para agricultores e parceiros.
“Investimos muito no Brasil nos últimos anos, principalmente na produção. Sintetizamos alguns produtos, investimos em novas formulações. Criamos um hub de formulações e colocamos mais pessoas no campo, que é o que gostamos de fazer”, completou Stanguerlin.