Publicado em 26/07/2023 18h18

Estudo britânico confirma potencial de captura de carbono de fertilizante brasileiro

Especialista em solos, professor dr. David Manning, da Newcastle University, diz que fertilizante multinutriente potássico captura até 120 quilos de CO2 por tonelada utilizada
Por: Márcia Fernandes

Um estudo independente realizado na Newcastle University (UK) confirmou que cada tonelada do fertilizante multinutriente potássico K Forte, produzido em Minas Gerais pela Verde Agritech, pode capturar até 120 kg de dióxido de carbono (CO2), o principal gás causador do efeito estufa. A conclusão é do professor David Manning, PhD e especialista em solos, que analisou a matéria prima usada pela companhia para fabricar o produto, o siltito glauconítico. 

Com isso, em um cenário de produção de 50 milhões de toneladas por ano, a empresa seria responsável por um dos maiores projetos de captura de carbono do mundo, pois atingiria um total de seis milhões de toneladas de CO2 subtraídas da atmosfera. 

A conclusão indica que o fertilizante absorve o CO2 atmosférico enquanto libera nutrientes como o potássio (K), adubo essencial para a produção de alimentos. Considerando a capacidade atual de produção da empresa, de três milhões de toneladas por ano, a companhia pode capturar até 360 mil toneladas de CO2 anualmente.   

Atualmente, mais de 1.3 milhão de hectares são adubados com o fertilizante brasileiro, por mais de cinco mil agricultores. Além do Brasil, o produto é exportado para diferentes países. 

O Enhanced Rock Weathering (ERW – Intemperismo de Rocha Acelerado) é um processo natural pelo qual CO2 é removido da atmosfera quando reage com minerais de silicato presentes em certos tipos de rochas. Em outras palavras, através da meteorização, certos tipos de minerais absorvem naturalmente o CO2 da atmosfera e o armazenam permanentemente na nova estrutura mineral”, disse a empresa em comunicado ao Mercado, último dia 19.  

O estudo 

O professor Manning, responsável pelo estudo, é um dos principais especialistas em ERW, é membro do Instituto de Geologia do Reino Unido desde 1979, também foi presidente da Sociedade Geológica de Londres de 2014 a 2016, além de ocupar uma cadeira no Conselho da Federação Europeia de Geólogos (FEG) e ter presidido o Painel de Peritos da FEG sobre proteção do solo.  O especialista tem vasta experiência sobre o papel do solo no combate às mudanças climáticas.  

As análises do produto da Verde Agritech, realizadas na Newcastle University, após uma extensa pesquisa geológica, que incluiu mais de 40 mil metros de perfuração e análises químicas, confirmaram a eficiência na captura de carbono.  

Manning fez um balanço sobre os resultados da pesquisa. "Durante mais de 40 anos, dediquei a maior parte da minha pesquisa à forma como podemos explorar os processos do solo para atenuar os efeitos das emissões antropogênicas de gases com efeito de estufa. Mais especificamente, utilizo os meus conhecimentos baseados na pesquisa sobre o modo como os solos e os minerais que os constituem interagem com a biosfera no contexto da captura de carbono e do fornecimento de nutrientes às plantas. Por isso, não foi uma surpresa quando a nossa investigação demonstrou o potencial dos produtos da Verde Agritech para absorver CO2. Mais impressionante é o potencial total dos recursos minerais da Verde para remover cerca de 398 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, no que será uma contribuição significativa para os esforços globais de redução dos níveis de CO2 atmosférico ".  

O potencial de captura de carbono 

Os projetos de captura de carbono ERW são escaláveis, rentáveis e dependem da vontade dos agricultores de aplicar minerais em grande escala nas lavouras. Segundo outro trecho do documento enviado ao Mercado pela Verde Agritech, as vantagens do projeto estão resumidas em cinco pontos.  

1. Os produtos têm uma taxa de dissolução rápida, como evidenciado por ensaios agronômicos e liberação de potássio; 

2. Os produtos são fontes de macronutrientes essenciais para as plantas, o que cria uma motivação significativa para os agricultores os adotarem em vez dos fertilizantes químicos tradicionais; 

3. Os produtos têm reservas minerais certificadas que comprovam a consistência confiável da sua mineralogia, a eficácia da captura de carbono e a ausência de elementos deletérios; 

4. Os produtos são certificados como orgânicos por várias organizações governamentais e não governamentais, incluindo algumas das normas globais mais rigorosas, como o Registro de Fertilizantes do Estado de Washington e o Departamento de Alimentação e Agricultura da Califórnia; 

5. Os produtos são submetidos a um controle meticuloso do tamanho das partículas durante o processo de fabricação, garantindo uma distribuição consistente do tamanho das partículas. Isto é vantajoso porque o tamanho das partículas é essencial para a captura óptima de carbono e o seu cálculo. 

 

Cristiano Veloso (foto), fundador e CEO da Verde Agritech, celebrou os resultados do estudo.  

"Este é um momento de rutura para a agricultura em geral e para a Verde Agritech em particular, porque marca o ponto em que a nutrição das plantas pode ser direta e quantificavelmente ligada à captura permanente de carbono. Como empresa e equipe, a Verde Agritech sempre se empenhou em soluções sustentáveis e amigas do ambiente para a agricultura. Vamos agora dedicar energia e recursos significativos à Análise do Ciclo de Vida, que determinará a pegada de carbono dos nossos produtos - se houver alguma - e a melhor forma de obter a monetização de potenciais créditos de carbono. A Verde Agritech está numa posição única para ajudar a alimentar o mundo e a reduzir os gases com efeito de estufa na nossa atmosfera". 

Nos últimos anos, a Verde Agritech investiu mais de meio bilhão de reais para pesquisar, desenvolver e produzir fertilizantes de base tecnológica e ambientalmente sustentáveis. 

Próximos passos: análise do ciclo de vida e estudos de créditos de carbono 

A Verde Agritech encomendou, de uma empresa de consultoria canadense líder de mercado, uma Análise do Ciclo de Vida (ACV) abrangente dos seus produtos. A ACV fornecerá uma compreensão mais completa da pegada de carbono global dos produtos da companhia, desde a extração até ao processamento e entrega, permitindo assim um cálculo exato do CO2 capturado. O fato de 100% da eletricidade utilizada pela empresa ser proveniente de energia hidroelétrica renovável de emissão zero contribuirá para garantir uma pegada de carbono negativa.  

A companhia também determinará de que forma os seus produtos podem cumprir os requisitos necessários para gerar créditos de carbono. Em 2022, o mercado global de créditos de carbono totalizou US$ 909 bilhões. 

KCl comparado aos produtos da Verde Agritech 

O Cloreto de Potássio (KCl) é a fonte convencional de Potássio, produzido em larga escala em países como Canadá, Rússia e Bielorrúsia, e contém cloro em sua composição. O Brasil é superdependente do produto importado, respondendo por mais de 96% do total usado nas lavouras do país. Diferentemente do KCl, o K Forte é economicamente mais viável, além de ser superior ao importado por não conter cloro, ser de liberação gradual e não se perder por lixiviação, além de não salinizar o solo.  

Além disso, os produtos da Verde Agritech são produzidos perto do seu ponto de aplicação final, dependem da eletricidade produzida a partir de fontes renováveis e, uma vez aplicados nos solos, capturam carbono, e são aprovados para agricultura orgânica, diferente do KCl.   

A empresa de tecnologia agrícola tem a maior capacidade de produção de potássio do Brasil e foi a primeira no mundo a aditivar microrganismos no fertilizante, por meio da tecnologia Bio Revolution, desenvolvida em parceria com três universidades federais brasileiras. A Verde Agritech opera duas plantas industriais nas cidades de Matutina e São Gotardo, em uma operação que é ambientalmente sustentável, sem a necessidade de barragem ou rejeito. 

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