A perspectiva de um recorde histórico na produção de açúcar do Brasil contribuiu para mais uma queda nas cotações da commodity nas bolsas internacionais nesta quinta-feira (29). Ontem, em relatório divulgado à imprensa, a Consultoria Datagro revisou seu balanço de safra no Centro-Sul do Brasil, estimando uma colheita de 606,5 milhões de toneladas, número 10,6% maior em comparação ao ciclo anterior. Na previsão anterior, da própria Datagro, a estimativa era de uma moagem de 598,5 milhões de toneladas.
O reajuste nas previsões, ainda segundo os analistas da Datagro, se deve às constantes chuvas favoráveis aos canaviais, o que têm apontado para um "ganho ainda maior na produtividade agrícola nos canaviais do centro-sul".
"O clima tem favorecido especialmente as condições dos canaviais a serem colhidos no terço final da safra 23/24", acrescentou a Datagro que disse, também, "que a estimativa de rendimento industrial também foi revisada para 140,30 kg ATR/tc (Açúcar Total Recuperável por tonelada de cana)".
"Com os preços do açúcar remunerando mais do que os do etanol desde junho do ano passado, e investimentos das usinas em adição de capacidade de cristalização, a região centro-sul do Brasil deverá quebrar um novo recorde na produção de açúcar", ressaltou a consultoria em nota divulgada pela Reuters.
A projeção para a produção de açúcar na região nesta temporada saltou para 39,1 milhões de toneladas, "superando o recorde anterior de 38,47 milhões de toneladas em 20/21. A estimativa indica um aumento de 15,9% na comparação com o ciclo passado".
Diante deste cenário as cotações do açúcar fecharam mais um dia no vermelho na ICE Futures de Nova York, mantendo-se numa sequência de baixas consecutivas ininterruptas. A tela julho/23, que expira nesta sexta-feira, foi contratada ontem a 22,07 centavos de dólar por libra-peso, desvalorização de 50 pontos no comparativo com a véspera. Já a tela outubro/23 caiu 52 pontos, contratada a 22,08 cts/lb. Os demais contratos recuaram entre 24 e 42 pontos.
Em Londres a quinta-feira também viu os contratos do açúcar branco negociados na ICE Futures Europe derreterem em todos os lotes. O vencimento agosto/23 recuou 8,20 dólares, contratado a US$ 620,60 a tonelada. A tela outubro/23 foi contratada a US$ 615,80 a tonelada, desvalorização de 11,60 dólares. Nos demais contratos a queda oscilou entre 10,60 e 13,10 dólares.
No mercado doméstico o açúcar cristal medido pelo Indicador Cepea/Esalq, da USP, também fechou no vermelho pelo terceiro dia seguido. Ontem, o indicador foi negociado a R$ 138,96 a saca de 50 quilos, contra R$ 140,95 de quarta-feira, desvalorização de 1,41% no comparativo.
Já o etanol hidratado fechou estável nesta quinta-feira pelo Indicador Diário Paulínia, negociado a R$ 2.620,50 o m³, mesma cotação do dia anterior.