Uma tecnologia de capina elétrica foi destaque durante o Congresso Internacional de Avelã deste ano, realizado recentemente em Corvallis, Oregon, nos Estados Unidos, como uma opção viável para o controle de ervas daninhas na cultura. Quem apresentou a solução foi Marcelo Moretti, professor assistente da Oregon State University, e que vem experimentando a ferramenta com a noz há dois anos.
Para ele, a tecnologia é eficaz. “É seguro para as avelãs e compatível com nsso sistema de produção”, diz. O controle elétrico de ervas daninhas vem ganhando também o interesse entre os produtores europeus, que têm opções limitadas de herbicidas. Além disso, existem ainda aqueles que cultivam orgânicos e que procuram por opções não químicas. “Sem dúvida nossa ferramenta pode ser utilizada com resultados e sem a preocupação com o impacto ao meio ambiente, sem deixar nenhum tipo de resíduo na produção”, explica Sergio Coutinho, co-CEO da Zasso Group, que desenvolveu a solução.
Outro ponto de destaque apontado no Congresso é que a capina elétrica está ganhando interesse como um meio alternativo para controlar as ervas daninhas mais resistentes. “Estamos vendo azevém italiano escapando de alguns dos herbicidas que temos para pós-emergência. Por exemplo, as aplicações de paraquat e glufosinato geralmente são ineficazes devido ao problema de resistência”, complementa o professor.
As pesquisas de Moretti são financiadas por meio de uma doação do programa USDA Crop Protection and Pest Management e também já alcançaram outros resultados importantes, como a descoberta de que ervas daninhas diferentes respondem de maneira diferente às correntes elétricas. “Quanto maior a planta, provavelmente será mais difícil de matar. E as gramíneas parecem ser mais difíceis do que as folhas largas. Pode ser por causa de seu sistema radicular ou porque elas têm uma arquitetura de folha diferente”, comenta.
Ainda assim, em estudos em pomares de avelãs, quando combinada a um segundo tratamento, a tecnologia tem se mostrado eficaz mesmo no controle de gramíneas. “Uma semana depois, podemos observar uma progressão de necrose e murchamento. E após duas, a maioria das plantas está controlada, mas há perfilhos nessas gramíneas que não estão mortas e voltam”, detalha o professor. Por isso, segundo ele, foi preciso uma aplicação sequencial.
Ou seja, Moretti descobriu que o controle elétrico é geralmente mais eficaz em ervas daninhas de folhas largas, como cardo do Canadá, tiririca, trepadeira de campo e cavalinha, do que em gramíneas. “Rabo de cavalo foi o mais sensível, a velocidades de 6 quilômetros por hora, já foi eliminado, mesmo sendo plantas altas”, diz.
A capina elétrica lança correntes de energia sobre as ervas daninhas e as queimam de dentro para fora. “Uma vez que a eletricidade está na planta, a corrente elétrica se move para as raízes e as aquece de dentro para fora, fervendo e matando”, ressalta o professor.
A tecnologia requer um trator de pelo menos 85 cavalos de potência para gerar energia suficiente através da tomada de força, e desenvolver a tensão necessária que vai controlar as ervas daninhas. O aplicador fica preso à frente de um trator. Durante os experimentos, Moretti descobriu que operar o trator em velocidades mais baixas resulta em um controle mais rápido e melhor das ervas daninhas. Segundo ele, “independentemente da velocidade, no entanto, a densidade de plantas foi reduzida significativamente após uma única aplicação”.
Além disso, em solo úmido, foi necessário reduzir a velocidade do trator para controlar efetivamente as ervas daninhas.
Outro importante benefício da tecnologia é o auxílio aos produtores para evitar problemas com níveis máximos de resíduos de herbicidas, ou LMRs, que podem ser um empecilho ao exportar alguns produtos. “Quando você começa a olhar para certos mercados, atingir essas metas (MRL) pode ser um problema. E isso não ocorre com a capina elétrica”, afirma Moretti.
Até o momento, fora de seus experimentos, a tecnologia não foi utilizada em avelãs, e segundo o pesquisador, com certeza mais trabalhos serão necessários para garantir que o controle elétrico de ervas daninhas seja uma opção viável para a indústria. “Tudo parece bem até agora, mas leva tempo para termos 100% de certeza”, finaliza Moretti.